Demanda doméstica do algodão esteve mais presente, trazendo movimento e preços mais elevados

O mercado físico de algodão teve uma semana com oscilação nos preços, refletindo a volatilidade nos referenciais internacionais. Porém, a demanda doméstica esteve mais presente, o que trouxe mais movimento e preços mais elevados para o mercado, informou a SAFRAS Consultoria.

     No CIF de São Paulo, a ideia da fibra de algodão encerrou a quinta-feira (19) com valor na casa de R$ 4,10/libra-peso sem ICMS, enquanto na semana passada era comercializada a R$ 4,09/libra-peso, uma valorização de 0,24%.

     Já no FOB porto de Santos, o algodão brasileiro apresentou 0,41% de ganhos cotado a 78,63 centavos/libra-peso, ante 78,31 centavos/libra-peso da semana anterior. Com isso, o prêmio pago pelo produto nacional na Bolsa de Nova York seguiu negativo, indicado em 5,64 centavos/libra-peso contra ICE US. Há uma semana estava em -7,75 centavos/libra-peso.

Problemas climáticos reduzem produção

No Hemisfério Norte, a colheita da safra de algodão 2023/2024 já começou. De lá saem cerca de 90% da oferta global de algodão. Dos cinco maiores países produtores de algodão, na temporada 2023/2024, quatro tiveram problemas significativos com o clima e deverão ter queda na produção de algodão. Nos EUA, o abandono de áreas está aumentando no Oeste do Texas, após uma temporada muito seca. Em Xinjiang, principal região produtora da China, as baixas temperaturas e chuvas predominaram no mês de setembro, o mês decisivo para a abertura dos capulhos, o que deverá levar a piores rendimentos e qualidade.

O USDA manteve ou reduziu a previsão de produção nos principais países produtores de algodão, na atualização de outubro. A exceção foi a produção brasileira, que foi revisada para cima (3,17 milhões de toneladas) e elevou a expectativa de produção global de algodão para 24,51 milhões de toneladas. Até o mês passado, era projetada em 24,47 milhões de toneladas. A estimativa de produção atual é de uma queda de 200 mil toneladas, em relação à safra passada (2022/2023).

Do lado da demanda global, o USDA manteve a estimativa de aumento de 4% (25,2 milhões de toneladas). A estimativa é vista pelo mercado como otimista. Para os números de consumo de algodão, o ICAC é mais conservador e projeta uma queda de 0,59% para 2023/2024. O último relatório do Fundo Monetário Económico Mundial, publicado esta semana, prevê que o crescimento do PIB global deverá cair de 3,5%, registrado em 2022, para 3,0%, em 2023, e para 2,9%, em 2024.

Embora várias grandes marcas tenham, recentemente, apresentado resultados financeiros robustos (indicando que os estoques foram geridos bem), olhando para a frente o cenário econômico global não é de otimismo, a rentabilidade da cadeia de abastecimento algodão-têxtil continua fraca e o apetite das fiações ainda permanece baixo.

Os estoques mundiais da safra 2023/2024 são estimados, pelo USDA, em 17,40 milhões de toneladas, para 2023/2024: queda de 3,5%, em relação ao fechamento da safra passada. O estoque de algodão é ainda concentrado na China (8,0 milhões de toneladas) com 46% do total estimado na safra 2023/24. As informações partem do relatório de safra de outubro da Abrapa.

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