Independentes levam Goiás à autossuficiência em carne suína in natura

Produzir com mais riscos, enfrentando as crises cíclicas do setor, mas com a possibilidade de maiores ganhos a longo prazo. Foi com essa filosofia de trabalho que cerca de 30 suinocultores independentes de Goiás transformaram a realidade do Estado, que antes comprava carne in natura de outras regiões, mas atingiu a autossuficiência e hoje até vende o excedente para os vizinhos.

De acordo com a Associação Goiana de Suinocultura (AGC), hoje o Estado tem cerca de 90 mil matrizes suínas. Dessas, 60 mil estão em modelos de produção integrado enquanto outras 30 mil estão com produtores independentes, que respondem por algo próximo de 1/3 da produção total do Estado.

Presidente da Associação Goiana de Suinocultura (AGS), Fernando Cordeiro Barros – Foto: Divulgação/AGS

O presidente da AGS, Fernando Cordeiro Barros, em entrevista ao jornal O Presente Rural, explica que a suinocultura no Estado começou pra valer no final da década de 1990 e, desde então, “houve uma estabilização da produção integrada e um aumento expressivo da produção independente”.

“Até o final da década de 1990 a suinocultura tecnificada de Goiás era relativamente pequena, com um rebanho de menos de 20 mil matrizes espalhado pelo Estado. A implantação de um grande projeto de integração de aves e suínos no município de Rio Verde, na região Sudoeste do Estado, em 1998, trouxe um crescimento bastante expressivo no rebanho. Hoje estima-se que tenhamos em torno de 90 mil matrizes em Goiás”, explica Cordeiro Barros. “Estima-se ao redor de 60 mil matrizes no sistema de integração em granjas segmentadas em UPLs (Unidades Produtoras de Leitões) e Terminações, totalizando em torno de 150 produtores integrados, todos na região de Rio Verde e municípios vizinhos. As demais 30 mil matrizes independentes, também em sua maioria na região de Rio Verde, dividem-se nas mãos de pouco mais de 30 produtores”, frisa o presidente da AGS.

Mesmo com o sucesso da integração, colocando de vez Goiás no mapa da suinocultura tecnificada do Brasil, uma parte dos cerca de 180 suinocultores que existem em Goiás passou a trabalhar por conta própria nos últimos anos. “Houve uma estabilização da produção integrada e um aumento expressivo da produção independente. A maior parte deste crescimento dos independentes foi de granjas que deixaram a integração”, menciona.

Ele acredita que esse movimento faz parte de um perfil diferente de investidor, que prefere encarar as crises, mas faturar mais nos momentos de bons rendimentos do setor. “A migração de produtores integrados para o mercado independente foi um processo relativamente longo e que se concretizou por uma série de fatores. O perfil empresarial dos suinocultores, com estrutura para encarar o mercado independente, de maior risco, mas com maior possibilidade de ganho foi o principal”, destaca o presidente.

Gestor executivo da Cooperativa de Suinocultores e Avicultores de Goiás (Coopersag), Iuri Pinheiro Machado – Foto: Thais Mallon

Mais recentemente, explica Iuri Pinheiro Machado, gestor executivo da Cooperativa de Suinocultores e Avicultores de Goiás (Coopersag), o apetite crescente da China pela carne suína brasileira também serviu de estímulo para que houvesse essa migração de matrizes para o sistema independente. “A alta das importações da China entre 2019 e 2020 foi outro fator que estimulou esta migração e a criação de uma cooperativa (Coopersag) em Rio Verde, que auxilia na comercialização de grande parte destes suínos. Isso foi um fator que também deu maiores condições para o desenvolvimento do mercado independente no Estado”, menciona Pinheiro Machado.

Autossuficiência

Fernando Cordeiro Barros, presidente da AGS, explica que antes desse cenário, quando os integrados respondiam por ampla maioria da produção, o Estado de Goiás comprava carne suína in natura de outros Estados para suprir seu consumo interno. Com a produção independente esse cenário mudou. “Até poucos anos atrás o Estado de Goiás não era autossuficiente na produção de carne in natura. Este aumento de produção dos independentes fez com que a demanda fosse atendida pela própria produção, gerando até um excedente de animais que são abatidos fora do Estado”, destaca o presidente.

Perfis diferentes

O presidente da AGS entende que os dois modelos de produção, integrados e independentes, são importantes para a suinocultura de Goiás e que oferecem opções para diferentes perfis de produtores rurais. “A integração é um sistema de menor risco, com renda mais estável. No mercado independente o risco é maior e o produtor obrigatoriamente tem que trabalhar com planejamento estratégico a fim de suportar as crises cíclicas, mas a possibilidade de ganho no longo prazo é maior que a integração”, sustenta Fernando Cordeiro Barros.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

A Agro Xingú Corretora de Grãos trabalha com os melhores grãos do mercado da Região Centro Oeste e também deixa você por dentro das últimas novidades e análises sobre do agronegócio.
Não se esqueça de seguir nossas redes sociais.

Acessar Fonte da Notícia