Mato Grosso é um dos estados que mais sofre com o clima muito desfavorável castigando as lavouras de soja. Nesta semana, a Aprosoja MT trouxe um ajuste em sua estimativa projetando uma quebra de 20%, sendo esta a pior perda da história. E em relatos inúmeros que chegam ao Notícias Agrícolas de produtores de todas as regiões do maior estado produtor da oleaginosa no Brasil, este é, de fato, um ponto de convergência: nunca se viu algo como o que acontece na safra 2023/24 em Mato Grosso.
Confirmada a estimativa da Aprosoja, o estado colheria 36,15 milhões de toneladas de soja, 9,16 menos do que na safra 2022/23. E este número pode cair ainda mais caso as condições não melhorem o suficiente para promover uma recuperação dos campos. Mais do que isso, muitas áreas já registram perdas irreversíveis, áreas recordes de replantio e as primeiras produtivas muito aquém do inicialmente esperado.
Em Campos de Júlio, as primeiras áreas colhidas têm marcado uma média de 7,5 a 20 sacas por hectare somente, segundo Tiago Daniel Comiran, produtor rural do município, em entrevista ao Notícias Agrícolas. Ele relata ainda que 20% da produtividade geral já foi perdida e, como chuvas seguem irregulares, diminuição poderá ser ainda maior.
Veja a entrevista completa:
Devido à seca, algumas cidades de Mato Grosso como Diamantino, Canarana, Alto Paraguai e Sorriso já tiveram estado de emergência decretado. Abaixo, as condições dos campos de soja em Diamantino em vídeos enviados por Altemar Kroling. Água Boa também deverá ter o decreto nos próximos dias.
As imagens abaixo mostram as lavouras de soja em Sorriso sendo castigadas pela falta de chuvas e altas temperaturas. Estimativas mostram que caso o município, que é um dos maiores produtores de soja do país, colher, em média, 20 sacas a menos por hectare, 1,5 milhão de toneladas de soja deixa de chegar ao mercado.
Fotos: Tiago Stefanello
Veja o decreto do estado de emergência em Sorriso:
Na sequência, veja um vídeo de campos de soja na região onde também é possível registrar as perdas causadas pela seca e pelo calor, com abortamento de vagens, ou até mesmo vagens secas, vazias, e as folhas muito queimadas, além da terra muito seca.
E a falta de umidade no solo em níveis adequados deve continuar, de acordo com Felippe Reis, analista de safra da EarthDaily Agro, também em entrevista ao Notícias Agrícolas. O verão deve trazer um pouco mais de chuvas para o estado, porém, em volumes ainda pouco fortes de forma a promover um reestabelecimento dos solos no estado. Além do mais, novas ondas de calor deverão ser registradas, agravando ainda mais a situação.
Fotos: Tiago Stefanello
“Quando temos temperaturas muito acima da média, isso aumenta a evapotranspiração, e isso associado a uma baixa precipitação, baixo volume de chuvas, resulta em uma diminuição da umidade do solo, que é o que vimos registrando em diversas regiões do Brasil da zona da soja, principalmente do Centro para cima. Vimos este cenário em outubro, novembro e partes de dezembro”, diz Reis.
O vídeo abaixo traz a realidade na região de Tapurah, enviado ao Notícias Agrícolas por Mario Oda. “Tudo morto, nem sei se vale a pena colher”, diz o produtor rural. “Quase 1 mil hectares que não vai nem colher”.
No vídeo seguinte, o produtor relata uma boa chuva na mesma região, porém, sem qualquer efeito prático sobre as lavouras, já que boa parte delas já morreu em função do calor excessivo e da estiagem. “Agora é gradear, plantar milho ou tentar plantar soja de novo”.
Em Nova Xavantina, o cenário é semelhante. Segundo o presidente do Sindicato Rural local, Artemio Antonini, até o último dia 12 o plantio ainda estava em andamento no município, e já é possível registrar uma perda de 20% na soja. Caso as previsões ruins para dezembro e janeiro continuem se confirmando, o quadro pode se agravar ainda mais.
Reveja a entrevista ao Notícias Agrícolas: