O Fórum do trigo Tropical de GO, agendado para o dia 13 de dezembro na sede da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), terá como foco o papel de Goiás na autossuficiência do trigo nacional. O evento reunirá especialistas e líderes do setor para discutir os progressos e as oportunidades de crescimento da triticultura na região.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os esforços de pesquisa para adaptar o trigo ao clima tropical foram intensificados a partir dos anos 1980. Desde então, foram desenvolvidos cultivares e sistemas de produção, oferecendo tecnologias para o cultivo do cereal em diferentes ambientes nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do Brasil.
Atualmente, o trigo tropical, cultivado em biomas como o Cerrado e a Mata Atlântica, ocupa mais de 400 mil hectares em estados como Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia e São Paulo.
Apesar do crescimento expressivo nos últimos anos, a área destinada ao trigo em ambientes tropicais ainda representa apenas 12,5% do potencial identificado. Segundo estudos da Embrapa Territorial, estima-se que existam cerca de 4 milhões de hectares propícios ao cultivo, com 1,5 milhões viáveis ??para o cultivo irrigado e 2,5 milhões para o cultivo de sequeiro.
Em Goiás, a produção de trigo aumentou 4,8 vezes nos últimos sete anos. Na última safra (CONAB, 2023), foram colhidas 267 mil toneladas, superando o consumo interno de 262 mil toneladas, o que evidencia a autossuficiência do estado em trigo. No entanto, há espaço para crescimento tanto na produção de trigo quanto de farinha, já que em 2022 (ABITRIGO, 2023), Goiás produziu apenas 123 mil toneladas de farinha, enviando grande parte dos grãos para indústrias moageiras no Sudeste e Nordeste do país.
No município de Cristalina, na safra 2021, o Brasil alcançou o recorde mundial de produtividade diária (80,9 kg/ha/dia) em trabalhos comerciais irrigados, atingindo 9.630 kg/ha com a cultivar BRS 264.
No entanto, o cultivo do trigo na região concorre com outras culturas pela estrutura de supervisão, especialmente hortaliças. Por isso, o melhoramento genético disponibiliza cultivares para sistema de sequeiro, onde os custos de produção são menores, embora a produtividade seja reduzida (entre 2 e 3 mil kg/ha).
Apesar dos avanços, a pesquisa brasileira enfrenta desafios consideráveis, como o déficit hídrico, a brusone (doença que afeta cereais) e aprimoramentos no sistema de manejo. Questões mercadológicas e tributárias, como instrumentos de movimentação e armazenamento, também estarão em debate no Fórum do Trigo Tropical de GO.
Destacando-se na programação, serão apresentados os resultados do projeto “Transferência de Tecnologia ao Cultivo de Trigo no Estado de Goiás”, liderado pelo Sindicato dos Moinhos de Trigo da Região Centro-Oeste (Sindtrigo), em colaboração com a Embrapa e com o apoio do Conselho Temático da Agroindústria (CTA) da Fieg.
O evento, promovido pelo CTA/Fieg em parceria com o Sindtrigo, Embrapa (Trigo, Cerrados, Arroz e Feijão), FAEG, Senar-GO, Sebrae, Biotrigo Genética, OR Sementes, Semevinea, Governo do Estado de Goiás e IGA, terá início às 8h na Casa da Indústria – FIEG, em Goiânia, GO. As inscrições são gratuitas, com vagas limitadas e podem ser feitas pelo site do Sympla.