Confira as tendências e desafios na produção e exportação de lácteos na Argentina

A Argentina é um importante exportador de lácteos do Mercosul. Com cerca de 10 mil fazendas, produziu pouco mais de 11 bilhões de litros de leite em 2023. A produção total cresceu 3,3% na média dos últimos 5 anos, com superávit médio sobre o consumo de 20%. No primeiro trimestre de 2023 a produção foi de 2,5 bilhões de litros, uma redução de 0,2% em relação ao mesmo período de 2022. Segundo o CREA[1], para o próximo trimestre, a expectativa é de que, pela primeira vez nos últimos 6 anos, queda de 0,5%. A projeção para o ano é de uma redução da produção entre 3.8% e 4.8% em relação à 2022.

As projeções da equipe do Crea consideram diferentes sistemas e acreditam que a redução vai atingir diferentes sistemas, de forma diferente. A redução para sistemas a base de pasto é de -5%, refletindo os efeitos de 3 anos consecutivos de seca devido ao La Niña, para sistemas semi-confinados -1%, e confinados crescimento de 3%. Mais otimista, o USDA por meio do relatório Dairy: World Markets, and Trade, projeta um crescimento da produção de leite na Argentina de 1%. Segundo o CIAL a produção da Argentina de janeiro a maio foi reduzida em 0,3% em relação ao mesmo período de 2022 (Figura 1).

Figura 1. Produção de leite na Argentina (2021 a 2023) Fonte: Observatório da Cadeia Láctea Argentina (OCLA), disponível em: https://www.ocla.org.ar/contents/news/details/26238212-reporte-de-actualidad-agro-crea-lecheria-abril-2023

Ainda, segundo o USDA, na Argentina a produção de leite deve se recuperar em 2023, após as condições de clima seco no verão e outono frio impactarem a produção em 2022, que pôs fim a dois anos consecutivos de maior produção de leite. Espera-se que a produção de leite cresça 1% em 2023, refletindo um retorno às condições climáticas normais, maior disponibilidade de insumos (principalmente concentrados, fertilizantes e combustíveis para produção de rações) e investimentos em tecnologia relacionada ao conforto e práticas de criação mais eficientes, que têm tem sido fundamental para manter o crescimento da produção de leite.

A exemplo do que está acontecendo no mundo, na Argentina a concentração da produção de leite avança a passos largos. Diante de uma inflação de mais de 100% ao ano, e os problemas climáticos que afetaram a disponibilidade de forragens, impactando os custos da alimentação, os pequenos e médios produtores têm dificuldades com seus custos de produção, e podem vir a deixar a atividade. Segundo a OCLA, as fazendas de mais de 10.000 litros eram apenas 1% em 2010 e contribuíam com 5% da produção; em 2022 elas representam quase 6% e contribuem com 25% do leite do país.

Com a concentração, o tamanho das propriedades leiteiras tem crescido sistematicamente e segundo o OCLA a propriedade média na Argentina produz 2.938 litros/dia. Os preços do leite pago aos produtores é de €0,3712 por litro (jan-mai/2023), correspondendo à R$1,93/litro a uma taxa cambio de R$5,20/€. Uma referência a esse preço é a média brasileira paga em maio, segundo o Cepea, de R$2,90/litro, a diferença representa 50,3%.

A produção de leite na Argentina é profissional sendo que a indústria capta e processa mais de 93% do leite produzido. No período de 2017 a 2022 o número de vacas ordenhadas diminuiu 2,7% chegando em 1,56 milhões de animais. A previsão do USDA para o rebanho da Argentina em 2023 é de redução de 1% chegando a 1,53 milhões de cabeças. Enquanto o número de vacas vem sendo reduzido, a produtividade cresceu 23% no mesmo período, atingindo 7,4 mil/litros/vaca/ano. Outro item muita relevância é a qualidade da matéria prima que tem evoluído, aumentado a competitividade da cadeia láctea argentina. A contagem bacteriana foi reduzida em 46% (2016 para 2022), conforme Figura 2 (A); e a contagem de células somáticas em 23% (2016 para 2022), conforme Figura 2 (B).

Figura 2 – Evolução de parâmetros de qualidade do leite na Argentina (2013 a 2022) Fonte: OCLA – disponível em: https://www.ocla.org.ar/noticias/26884858-calidad-de-leche.

A produção de lácteos tem evoluído em função das demandas do mercado. A produção de manteiga na Argentina foi reduzida em 12,0% no período de (jan-abr) e queijos aumentou 5,6% no mesmo período. O leite em pó integral recuou 24,2%, leite em pó desnatado 42,3%, e o iogurte cresceu a produção em 3,0%. O USDA[1]estima a produção Argentina de queijo em 535 ton., consumo de 450 ton., e exportações da ordem de 90 ton. Para a produção de leite em pó integral a previsão do USDA é de 255ton., consumo de 70 ton. e exportação de 180 ton.

Os estoques de produtos lácteos decresceram para a manteiga (24,4%), para o creme de leite (29,0%), para o doce de leite (13,4%) e sobremesas lácteas (28,2%). Estoques maiores foram obtidos com o leite em pó desnatado (12,9%) e achocolatado (53%). O consumo de produtos lácteos na Argentina está estagnado, a exceção do consumo de queijo que aumento (3,4%).

As exportações de lácteos da Argentina para o Brasil são muito importantes. Das importações totais de lácteos do Brasil, 41,8% do volume equivalente leite importado vem do vizinho, correspondendo a 53,4% do valor realizado. Conforme a Figura 3 o Brasil tem se tornado importante para o setor de lácteos da Argentina.

Figura 3 – Volume de países selecionados nas exportações de lácteos da Argentina. Fonte: OCLA – disponível em: https://www.ocla.org.ar/noticias/26884858-calidad-de-leche.

A Agro Xingú Corretora de Grãos trabalha com os melhores grãos do mercado e também deixa você por dentro das últimas novidades e análises sobre do agronegócio.
Não se esqueça de seguir nossas redes sociais.

Acessar Fonte da Notícia