Expocacer eleva exportação direta de café e ampliará presença nos EUA com novo "hub"

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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – As exportações diretas da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer) deverão crescer cerca de 20% em 2023 ante 2022, para um novo recorde de até 500 mil sacas de 60 kg, em momento em que a cooperativa está em processo de ampliação de sua presença nos Estados Unidos, maior mercado consumidor global, com uma iniciativa pioneira.

A Expocacer, com sede em Patrocínio (MG), maior município produtor de café do Brasil, está elevando suas exportações com uma forte recuperação da safra, após a temporada de 2022 ter sido afetada pelas geadas de 2021, disse o diretor superintendente da cooperativa, Simão Pedro de Lima, à Reuters.

O crescimento esperado nos embarques diretos — sem a participação de intermediários, como tradings — acontece após a produção dos cooperados em 2023 ter ficado cerca de 20% acima da de 2021, enquanto deverá saltar 40% frente a 2022, ano que não é boa base de comparação por conta do impacto das geadas.

Mas o reforço na estratégia exportadora também tem impulsionado os negócios de maior valor agregado da Expocacer, que busca ampliar a fatia de cafés especiais nas suas vendas externas.

Integra esta estratégia a instalação de um “hub” de distribuição de cafés nos Estados Unidos, um movimento inovador entre as cooperativas brasileiras, disse Lima.

“Temos de estar antenados à realidade mundial, e hoje a realidade dos cafés especiais é esta, de um mercado fracionado, de um comércio direto, que o consumidor conhece o produtor, com rastreabilidade…”, destacou ele.

“Prezamos um ‘direct farming’, com a cooperativa como sendo a extensão do produtor, e o consumidor adquirindo pela cooperativa…”, acrescentou, ressaltando que a proposta também é promover o cafeicultor, como fazem os concorrentes da Colômbia, que teve um movimento bem-sucedido no mundo, especialmente nos EUA.

Com esse objetivo, a Expocacer vai estruturar até novembro um “hub” logístico em Jacksonville (Flórida), cuja estrutura pode futuramente ser expandida para outras regiões norte-americanas, revelou o superintendente.

Atualmente, a cooperativa vende diretamente aos EUA cerca de 8% de suas exportações, mas vê potencial de ampliar esta fatia para 25%, disse Lima.

A “Expocacer USA” quer atender compradores de cafés especiais, que muitas vezes buscam lotes menores, de 20 a 30 sacas. “Por isso temos de abrir uma unidade própria… para fazer revendas de menores quantidades em grandes volumes”, disse Lima. “Então acaba tendo um grande volume vendendo quantidades pequenas.”

Segundo Lima, o investimento no empreendimento será relativamente pequeno, já que a ideia é utilizar armazéns existentes.

A ação deve também contribuir em alguma medida com uma mudança de imagem do café do Brasil, que por sua grande produção acaba passando a imagem fornecedor de commodities, mas tem condições de customizar o produto ao gosto do cliente.

2024

Para o ano que vem, diante de expectativas de uma boa nova safra, a projeção da cooperativa com cerca de 700 cooperados é de exportações diretas de cerca de 600 mil sacas, crescimento importante ante as 340 mil sacas registradas em 2020, ano de safra recorde no Brasil.

Considerando o volume exportado também via tradings, as exportações da Expocacer ultrapassam 1 milhão de sacas por ano, tendo a Suíça como principal destino entre os mais de 30 destinos do produto da Expocacer.

No momento, a cooperativa vende cerca de 40% do café na exportação, enquanto o restante é direcionado ao mercado interno. Mas a ideia é inverter essa proporção, ampliando a fatia dos embarques ao exterior para 60% do total.

A Expocacer, que reúne cafeicultores de importantes regiões produtoras de café arábica de Minas Gerais, como Araguari, Monte Carmelo, Patrocínio, Carmo do Paranaíba, espera receber de seus cooperados 1,5 milhão de sacas em 2023.

Desse total, 1,35 milhão de sacas já foram recebidas, segundo o diretor superintendente da Expocacer, que opera na região cafeeira do Brasil com o mais alto índice de mecanização da colheita (70%) e irrigação (60%), notadamente de gotejamento, para melhor aproveitamento hídrico.

(Por Roberto Samora)

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