No ano de 2022, Santa Catarina bateu o recorde histórico no Valor da Produção Agropecuária (VPA) e, também, no faturamento das exportações do agronegócio. Conforme levantamento do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), o VPA catarinense de 2022 chegou a R$ 61,4 bilhões. Houve um crescimento nominal de 13,9% em relação ao ano anterior. Já as exportações do agronegócio movimentaram US$ 7,5 bilhões, 8,5% a mais do que em 2021.
Esses e outros dados integram a 43ª edição da Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina, publicação da Epagri/Cepa lançada nesta segunda-feira, 29 de maio. O documento está disponível em versão impressa, destinada a órgãos públicos e entidades do setor e, também, em versão digital.
Conforme o analista de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri/Cepa e coordenador da Síntese, Tabajara Marcondes, além dos números do VPA e das exportações, a publicação disponibiliza dados, informações e conhecimentos sobre a utilização do crédito rural por agricultores e cooperativas e, principalmente, sobre o desempenho produtivo e mercadológico das principais cadeias produtivas da agropecuária catarinense.
É possível consultar dados detalhados sobre o desempenho da produção vegetal (alho, arroz, banana, cebola, feijão, maçã, milho, soja, tabaco e trigo), produção pecuária (bovinos, frangos, suínos e leite), produção aquícola (peixes de água doce, moluscos e camarões marinhos) e produção florestal (lenha, madeira e carvão vegetal).
Participação do agro
O agronegócio respondeu por 64,4% do valor total das exportações catarinenses em 2022, o que gerou um valor de US$ 7,5 bilhões. Em 2021, as exportações haviam atingido US$ 6,9 bilhões, recorde anterior. Os principais produtos, em valor exportado, foram as carnes de frango e derivados (US$ 2,2 bilhões), carnes de suíno e derivados (US$ 1,4 bilhão), madeira e obras de madeira (US$ 1,3 bilhão), produtos do complexo soja (US$ 753 milhões) e papel e celulose (US$ 452 milhões). Juntos, esses produtos representaram 81% do valor total das exportações do agronegócio.
Quando se leva em consideração apenas essas cinco categorias, aquela que teve o maior crescimento no valor das exportações foi a de papel e celulose, com um acréscimo de 57,4% em 2022, na comparação com o ano anterior. Mais de 50% do valor total exportado foi de mercadorias que tiveram como destino a China, os Estados Unidos, o Japão, o Chile e a Holanda.
“O catarinense produz. Trabalha e entrega, em especial no nosso campo, uma produção que é cobiçada por países do mundo todo. É por isso que Santa Catarina exporta tanto”, afirma o governador Jorginho Mello.
“O agronegócio é o motor da economia de Santa Catarina, respondendo por 64% das exportações do Estado”, avalia Valdir Colatto, secretário de estado da Agricultura. “Isso quer dizer que a agricultura é muito importante para a economia de Santa Catarina e do Brasil e precisa ser reconhecida e respeitada como tal”, define o secretário.
Para o presidente da Epagri, Dirceu Leite, a publicação tem suma importância quando se fala em planejamento a curto, médio e longo prazos. “Mostra também o compromisso da nossa Empresa com a competitividade do agronegócio catarinense, no sentido de buscar informações e trazer para a sociedade a realidade do que acontece nos meios rural e pesqueiro. Ele lembrou que a sintetização destes dados permite ao Estado formular políticas públicas cada vez mais assertivas para fazer crescer a economia do campo e do mar.
Valor da Produção Agropecuária
O aumento de 13,9% no VPA catarinense de 2022, na comparação com o ano anterior, fez com que o Estado chegasse a três anos consecutivos de crescimento do índice na casa dos dois dígitos. Em 2021, o valor da produção agropecuária foi de R$ 53,9 bilhões, um crescimento nominal de 36,5% sobre o VPA de 2020, que alcançou R$ 39,5 bilhões. Já o resultado de 2020 foi 23,7% superior ao de 2019, quando o VPA foi de R$
32,2 bilhões.
Embora diversificada em termos de produtos destinados à comercialização, a agropecuária catarinense concentra o seu valor de produção em poucos itens. Quatro deles foram responsáveis por 59,7% do VPA catarinense em 2022: suínos (com participação de 20,1%), frangos (15,9%), leite (12,9%) e soja (10,8%).
O cálculo do VPA leva em consideração a quantidade produzida e o valor médio recebido pelos produtores. Foram considerados, pela Epagri/Cepa, os 55 produtos de maior valor de produção em Santa Catarina, que abrangem as áreas de produção animal (pecuária e aquicultura), de produção das lavouras (grãos, outras lavouras temporárias, hortaliças e lavouras permanentes) e os da produção da silvicultura e extração vegetal.
O analista de Socioeconomia e Planejamento Rural da Epagri/Cepa, Luiz Toresan, explica que a maior parte do aumento no VPA de 2022 foi resultado do incremento nos preços, que tiveram movimentação positiva de cerca de 11,7%. Já o aumento da produção ficou em aproximadamente 2,45%.
Redução nos contratos de financiamento
Há alguns anos o Brasil tem apresentado uma queda gradativa no número de contratos de financiamento da produção agropecuária, embora o valor total aplicado tenha se ampliado. Segundo os dados analisados na Síntese Anual da Agricultura, isso também tem ocorrido em Santa Catarina. Embora de 2021 para 2022 a redução no número de contratos tenha sido pequena (cerca de 3 mil), quando os dados levam em consideração um período mais longo é possível perceber a dimensão dessa queda.
Em 2013, foram fechados 214,7 mil contratos de financiamento agropecuário em SC e, em 2022, 127 mil, o que significa uma redução de quase 41%. Em valores aplicados, a indexação pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) mostra que os R$ 17,6 bilhões aplicados em 2022 são 13% menores do que os R$ 20,2 bilhões de 2013.