Confira a análise do mercado atual do milho e as perspectivas de investimento

A bem-sucedida expansão da produção de milho no cerrado brasileiro segue suportando o desenvolvimento da produção de etanol a partir do cereal no CentroOeste. Diante da expectativa de que novos projetos deverão ser implantados nos próximos anos, analisamos a situação atual, por região, no que concerne à oferta e demanda por milho no Brasil, no sentido de identificar a dimensão dos excedentes atuais de milho nos estados vis à vis as sinalizações dos investimentos em novas plantas.

Com exceção do Mato Grosso, onde o excedente de milho é relevante e a possibilidade de expansão da oferta parece razoável, dada a possibilidade de incorporação de áreas de pastagens, em outros estados os excedentes são menores, como em Minas Gerais e no MATOPIBA ou até há déficit, como no Rio Grande do Sul e em São Paulo.

A produção brasileira de milho segue crescendo, liderada pela expansão da segunda safra. Na última década, a segunda safra nacional de milho mais que dobrou de volume, até atingir o recorde projetado para a safra 2022/23, de 100 milhões de toneladas, representando um aumento de 16,5% sobre a safra anterior.

Estados de todas as regiões do Brasil apresentaram crescimento expressivo da produção de milho segunda safra nos últimos dez anos, com destaque para o Tocantins (+867%), Minas Gerais (+360%), Rondônia (+356%), Maranhão (+181%) e Mato Grosso (+162%).

Entretanto, em números absolutos de produção, os maiores produtores de milho do Brasil se concentram na região Centro-Oeste, sob a liderança do Mato Grosso, com 51,2 milhões de toneladas, seguido pelo Paraná, com 17,6 milhões de toneladas, Mato Grosso do Sul, com 12,2 milhões de toneladas e Goiás, com 12,1 milhões de toneladas. A região Matopiba produz, atualmente, 12,3 milhões de toneladas do cereal.

Consumo

O consumo interno de milho na safra 2022/23 deve ficar em torno de 79,4 milhões de toneladas, de acordo com a Conab. Desse total, cerca de 80% é utilizado para ração animal, com o maior volume  direcionado para aves e suínos. Outros 13% são destinados para a produção de etanol e o restante é utilizado para o consumo humano.

Quando descemos para o nível de estado, podemos observar que o maior consumo de milho acontece no Mato Grosso, com cerca de 13 milhões de toneladas. O curioso é que, no caso do estado do Centro-Oeste, o que puxa esse consumo é a produção de etanol de milho.

O Mato Grosso é seguido pelos três estados da região Sul do Brasil: Paraná, com 10,2 milhões de toneladas, Rio Grande do Sul, com 6 milhões de toneladas e Santa Catarina, com 5,9 milhões de toneladas. Neste caso, as produções de carne suína e de frango são responsáveis pela maior parte do consumo do cereal.

A região Matopiba responde, atualmente, por 3,4 milhões de toneladas de consumo de milho, sendo a Bahia responsável por 44% do total demandado pela região (1,5 milhão de toneladas).

Com a produção e o consumo do cereal por estado, é possível fazermos um balanço de oferta e demanda. Esse balanço nos mostra que, a despeito do Mato Grosso ter o maior consumo estadual do país, na região Centro-Oeste é onde mais sobra milho no Brasil atualmente. Por outro lado, Santa Catarina e Paraná, dois dos principais consumidores, possuem os maiores déficits do cereal.

No Matopiba todos os estados são superavitários, com os excedentes variando entre 1,8 milhão de toneladas (TO) e 2,6 milhões de toneladas (BA).

O objetivo da análise não foi calcular exatamente o estoque de milho em cada estado, mas sim ter uma ideia da dimensão da disponibilidade do cereal, antes das exportações. Vale ressaltar que, a depender do número de exportação do estado, esse equilíbrio pode se alterar, sendo possível, inclusive, estados passarem de superavitários para deficitários em milho.

 

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