Os agricultores que optam pelo sistema de cultivo que envolve o plantio de soja no verão e milho na safrinha podem enfrentar o desafio de manejar os fluxos de emergência do milho voluntário, popularmente conhecido como milho tiguera. Durante o desenvolvimento da cultura da soja surge a preocupação com a matocompetição gerada pela presença do milho tiguera e pela multiplicação da cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), causadora do complexo de enfezamento nos milharais.
Ciente do problema, a Corteva lança a campanha “Menos Milho Tiguera é Mais Rentabilidade”, para reforçar a importância do manejo e das boas práticas agrícolas no combate ao milho voluntário e suas consequências. O principal objetivo é levar informação e orientação ao produtor rural e expor os danos possíveis que podem ser gerados desde os primeiros fluxos de germinação de milho em lavouras de soja.
O milho tiguera é o principal ambiente de reprodução e multiplicação da cigarrinha-do-milho, a transmissora dos enfezamentos, doença causada por molicutes, microrganismos semelhantes a bactérias. Os molicutes afetam o desenvolvimento, a nutrição, a fisiologia das plantas e, em consequência, a produção de grãos. Com isso, os prejuízos na cultura do milho podem chegar até 100%.
A partir da chegada de uma cigarrinha fêmea no milho voluntário, ela pode colocar 500 ovos durante o seu ciclo de vida. Na colheita da soja, após quatro meses, o número de cigarrinhas adultas pode chegar a 1 milhão e 250 mil. Isso representa cerca de 200 cigarrinhas por planta, em um universo de 60 mil plantas por hectare. Esse inseto possui enorme poder de multiplicação e dispersão, sendo assim, se o milho tiguera não for controlado, há uma grande possibilidade do cultivo especialmente do milho safrinha já iniciar com uma alta pressão de cigarrinha.
Por outro lado, uma vez que o milho tiguera é eliminado na cultura da soja, a cigarrinha passa a não ter o ambiente propício para se alimentar e se reproduzir. Sendo assim, a nova safra de milho se inicia com maior possibilidade da ausência da praga. Por isso, a importância do manejo do milho tiguera: para quebrar a chamada ponte verde, fazendo com que o ciclo da cigarrinha seja bloqueado, consequentemente, diminuindo a quantidade de cigarrinha e de patógenos causadores do complexo de enfezamento.
Além de atuar como hospedeira dessa importante praga, o prejuízo também acontece na produção pela matocompetição. Estudos mostram que o rendimento da soja é afetado de forma crescente conforme aumenta a densidade de plantas de milho voluntario na área. A presença de 0,5 planta de milho por metro quadrado reduziu o rendimento da soja em 9,3%. No entanto, quando a população de milho aumentou para 16 plantas por metro quadrado, as perdas no rendimento da soja foram ainda mais significativas, atingindo 76,2%.
Guilherme Minozzi, gerente de Agronomia Sementes da Corteva para o Brasil e Paraguai, orienta que para a eliminação do milho voluntário é indicado fazer uso de um bom graminicida, aliado ao cuidado completo realizado pelo manejo e pelas boas práticas agrícolas. “Para evitar os danos, é recomendado fazer o manejo já nos primeiros fluxos de emergência do milho tiguera e isso pode se iniciar, inclusive, na dessecação anterior ao plantio da nova safra de soja. Controlar os primeiros fluxos de milho tiguera com aplicações de herbicida e realizar aplicações em uma frequência maior, se necessário, e de acordo com o recomendado na bula do produto, se torna mais eficiente do que aguardar a emergência de vários fluxos e ter plantas mais desenvolvidas para realizar o controle durante o ciclo da soja”, explica.