“O mercado do milho está cauteloso”, resumiu o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, sobre o caminhar dos preços do cereal nesta quarta-feira (9) que foi de baixas tanto na B3, quanto na Bolsa de Chicago. Os futuros do grão no mercado futuro brasileiro encerraram o dia perdendo entre 0,44% e 1,2% nas posições mais negociadas, levando o setembro a R$ 55,10 e o novembro a R$ 58,93 por saca.
O mercado vinha acompanhando o dólar, que recuava até o início da tarde de hoje, porém, a moeda americana voltou a subir frente à brasileira, dando um respiro às cotações do cereal, mesmo ainda em campo negativo. Do mesmo modo, o avanço da colheita da segunda safra também pesa.
Números divulgados pela Conab (Companhia Nacional de Abastescimento) apontam que a colheita da safrinha chegou a 64,3% da área, um avanço de 7,3 pontos percentuais na semana.
“O mercado do milho está mostrando a colheita da safrinha evoluindo, já tendo passado dos 90% no Mato Grosso e, neste momento, montanhas de milho a céu aberto mantêm os negócios ainda abaixo das expectativas do normal para o país”, afirma Brandalizze. “E isso não somente no Mato Grosso – que ainda tem grande parte da safra para ser negociada -, mas, principalmente, nos demais estados
como o Paraná que está ganhando ritmo de colheita agora”.
O consultor explica ainda que a maior parte do ‘milho livre’ segue nas mãos dos produtorss, o que mostra que grande parte da safra nacional ainda segue disponível para ser comercializada, com produtores esperando para se posicionar a frente.
BOLSA DE CHICAGO
Na Bolsa de Chicago, os futuros do milho finalizaram o pregão com perdas de 3,75 a 4,75 pontos, com o setembro sendo cotado a US$ 4,81 e o dezembro a US$ 4,94 por bushel. O mercado acompanhou as perdas ainda mais intensas do trigo – de 15,50 a 21,25 pontos – pegando carona no movimento negativo.
“Os futuros do trigo operaram com forte queda na CBOT diante da falta de novidades sobre as tensões entre Rússia e Ucrânia, além da pressão sobre a grande oferta de trigo russo a níveis muito competitivos. E essa queda nos preços do trigo levou o milho na carona”, informou a equipe da Agrinvest Commodities.
Assim como nos vizinhos, no milho os traders também aguarda com ansiedade pelos números que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz na sexta-feira, dia 11 de agosto. Ainda segundo a Agrinvest, “apesar das perspectivas de queda na produtividade do milho no próximo relatório, os EUA podem estar prestes a colher sua segunda maior safra histórica, o que pode trazer forte recuperação em seus estoques finais para a safra 23/24”.
Assim, o espaço para um respiro e uma recuperação melhor fundamentada dos preços é mais limitada, “especialmente depois que o clima de julho e agosto tem favorecido as lavouras”.