Soluções no controle de plantas daninhas no milho ao considerar o sistema produtivo e inovações

Vários fatores podem interferir na produtividade do milho, e as plantas daninhas podem ser destacadas dentre eles, por poderem causar prejuízos significativos, com reduções superiores a 80% na produtividade. Para tanto, o uso de herbicidas é o principal método utilizado no controle. No Brasil, um dos principais sistemas de cultivo é a soja na primeira safra de verão, com milho na segunda safra. Frequentemente ambos os cultivos são tolerantes ao glifosato, o que aumenta ainda mais a pressão de seleção de biótipos resistentes e a necessidade de boas estratégias. Após a colheita da soja, já é feita a semeadura do milho, muitas vezes ocorrendo no mesmo dia. O foco deve ser semear o milho no limpo, principalmente sem gramíneas.

Assim, pensando no milho segunda safra, é muito importante um manejo eficaz já na soja. Partindo para a colheita da soja, destaca-se a importância da dessecação pré-colheita, que auxilia na uniformidade e antecipação da soja, além do controle de plantas daninhas. A dessecação bem-feita vai ser importante para a colheita da soja, bem como auxiliará no controle de plantas daninhas que podem afetar a semeadura e início do cultivo do milho. Neste contexto, podem ser utilizados os herbicidas diquat e glufosinato, ou ainda em misturas.

Em situações com uma janela entre a colheita da soja e semeadura do milho, ou no caso do milho primeira safra, pode ser realizada uma dessecação pré-semeadura, que pode ser dividida em etapas. Na primeira aplicação pode ser utilizado o glifosato em mistura com auxinas sintéticas, a depender da infestação. Na segunda aplicação, podem ser utilizados, tal qual na dessecação pré-colheita da soja, diquat ou glufosinato em associações; nesta aplicação, ainda podem ser utilizados herbicidas residuais associados, em pré-emergência do milho no plante-aplique, com o uso indicado de atrazina, terbuthylazine, trifluralin, s-metolachlor e pyroxasulfone. Observa-se que apenas a flumioxazin deve ser realizada necessariamente no aplique–plante.

Em pós-emergência do milho, ainda pode ser feita uma nova aplicação de herbicidas, aqui se destaca a atrazina e terbuthylazine, ambas em combinações com outros herbicidas e podendo apresentar efeito pré, a depender da dose. A opção da terbuthylazine, do mesmo mecanismo de ação da atrazina (inibidores do fotossistema II), apresenta espectro de ação semelhante à superior, quando comparada à atrazina, com vantagem mais expressiva no controle de gramíneas e trapoeraba. Ressalta-se o efeito residual de atrazina e terbuthylazine, nas doses mais altas prescritas em bula, auxiliando no controle de plantas daninhas no sistema, como é o caso da buva, entregando as áreas mais limpas para a entressafra, no preparo para o cultivo da soja.

Na aplicação em pós do milho, atrazina e terbuthylazine podem ser utilizadas em misturas com glifosato ou glufosinato, neste caso, se atentar se o híbrido de milho é tolerante (cuidar também com estádio e dose). Ou ainda com mesotrione, tembotrione ou nicosulfuron, para ampliar o espectro de ação no controle em pós-emergência, notando que a mistura de herbicidas inibidores do fotossistema II, com inibidores da síntese de carotenoides é sinérgica (“1+1=3”). Um bom exemplo desse sinergismo desejável é uma inovação no mercado brasileiro, a mistura de terbuthylazine + tolpyralate (Ápice), como pode ser ilustrado nas Figuras 1 e 2, em sua eficácia e seletividade. Além disso, novas tecnologias de milho transgênico estão disponíveis, que combinam as consolidadas tolerâncias a glifosato e glufosinato, com tolerância ao 2,4-D e haloxyfop. Isto amplia o leque de opções para o controle em pós-emergência, e principalmente o haloxyfop ajuda muito no controle de gramíneas, que é um dos principais problemas no milho em pós.

Destaca-se ainda o manejo integrado de plantas daninhas, com boas práticas agronômicas utilizadas em conjunto com o uso de herbicidas. Por exemplo o uso de sementes de qualidade, ajuste do arranjo espacial conforme ambiente produtivo, atenção à colheita da soja anterior, cobertura do solo com palha, entre outros. Em relação aos herbicidas, é importante a diversificação, com rotação de mecanismos de ação, uso de herbicidas pré-emergentes, misturas sinérgicas de herbicidas, adesão às inovações que estão e estarão disponíveis e a indispensável consulta a um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

 

Prof. Leandro Paiola Albrecht – Supra – UFPR.

Prof. Alfredo J. P. Albrecht – Supra – UFPR.

Pesquisador André Felipe Moreira Silva – Crop Pesquisa

 

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Figura 1 – Produtividade do milho, em que o Ápice (inovação no Brasil) apresenta ganhos comparativos de até 22% em relação a outras misturas potencialmente sinérgicas, além de evitar perdas de até 48% em relação a testemunha (diferenças estatísticas, teste de Tukey a 5%).
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Figura 2 – Controle de plantas daninhas comparativo na pré-colheita do milho, caracterizando a “herança” que os diferentes manejos deixam para o sistema produtivo (entressafra que antecede a soja).

 

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