Tendência de queda nos preços do milho em julho reflete aumento da colheita e baixas no mercado internacional

Os preços do milho finalizaram julho em queda no mercado brasileiro, devido ao avanço da colheita e às baixas no mercado internacional em partes do mês. No Brasil, as  negociações estiveram em ritmo lento, visto que compradores estiveram à espera de novos recuos nas cotações com o avanço da colheita. Vale lembrar que a oferta elevada na atual temporada e a baixa negociação antecipada preocuparam agentes, e parte dos vendedores aceitou negociar lotes a patamares inferiores.

No contexto internacional, a expectativa de safra mundial volumosa pressionou os futuros em partes de julho. Apesar das preocupações com o clima quente e seco em alguns momentos nos Estados Unidos, o retorno das chuvas e as previsões de aumento na área em 2022/23 pressionaram os contratos. No entanto, as baixas foram limitadas pelo fim do acordo de exportação de grãos pelo Mar Negro e pelos ataques que ocorreram em cidades portuárias nessa região.

Esse cenário fez com que parte dos vendedores ficasse retraída, na expectativa de que a demanda internacional seja redirecionada ao Brasil. Além disso, uma parcela dos produtores mostrou preferência por realizar a operação barter (troca por insumos) em detrimento de vender novos volumes de milho no mercado spot. Assim, no acumulado de julho, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa cedeu 3,1%,fechando a R$ 53,62/saca de 60 kg no dia 31. A média mensal, de R$ 54,98/sc, recuou apenas 0,1% sobre a de junho. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores acumularam baixas de 1% no mercado de lotes (disponível) e de 0,3% no de balcão (ao produtor) no acumulado do mês.

Quando comparadas as médias mensais, as quedas foram de 0,3% e de 0,8%, respectivamente. Na B3, os contratos apresentaram comportamentos distintos. O vencimento
Set/23 avançou 0,4% em julho, indo para R$ 55,35/sc no dia 31, enquanto o Nov/23 recuou leve 0,1%, a R$ 59,05/sc de 60 kg.

Estimativas

As projeções divulgadas em julho reforçam a expectativa de safra volumosa no Brasil e no cenário global. Além do aumento da área na atual temporada, o clima benéfico na maior parte do período de desenvolvimento das lavouras no Brasil também explica o volume elevado em 2022/23. Já nos Estados Unidos, o retorno das chuvas entre o final de junho e
o início de julho recuperou parte das boas condições das lavouras, o que também aumentou o otimismo quanto à produtividade na temporada 2023/24.

No Brasil, as estimativas divulgadas pela Conab indicam que a produção brasileira 2022/23 deve superar em 13% a da 2021/22. Para a segunda safra, o aumento deve ser de 14%, agora indicada em 98,04 milhões de toneladas. Assim, considerando-se os estoques iniciais, a produção e as importações, a disponibilidade da temporada 2022/23 passa a ser projetada em 137,76 milhões de toneladas. O consumo deve ser de 79,43 milhões de toneladas. As exportações foram mantidas em 48 milhões de toneladas, e as importações,
em 1,9 milhão de toneladas. Com isso, ao final da temporada, os estoques podem totalizar 10,33 milhões de toneladas, aumento de 28% frente à safra anterior.

Em termos mundiais, o relatório divulgado no dia 12 de julho pelo USDA indica que, apesar da cautela quanto ao clima nos Estados Unidos, a produção mundial em 2023/24 deve ser de 1,22 bilhão de toneladas, 6% maior que a anterior. Os aumentos ocorreram principalmente na Argentina, na União Europeia e nos Estados Unidos. Apesar do aumento no consumo, que deve totalizar 1,2 bilhão de toneladas, o avanço na produção faz com os estoques mundiais estejam estimados em 314,11 milhões de toneladas ao final da temporada, aumento de 6% em relação a 2022/23.

Campo

A colheita da segunda safra avançou em todas as regiões produtoras brasileiras, favorecida pelo clima predominante seco em julho. De acordo com a Conab, até o dia 29 de julho, 54,7% da área nacional havia sido colhida, mas ainda inferior aos 71,1% no mesmo período de 2022. Quanto à primeira safra, resta apenas 0,9% da área nacional para ser colhida, segundo a Companhia.  Especificamente em Mato Grosso, de acordo com o Imea, até o dia 28 de julho, o estado havia colhido cerca de 91,62% da área estimada para esta
safra, queda de 6,33 pontos percentuais frente à safra passada. No Paraná, até o dia 31, a colheita havia atingido 17% da área estimada, atraso de 40 p.p. em relação ao ano anterior, segundo dados da Seab/Deral. Em Mato Grosso do Sul, até o final de julho, 16,2% da área havia sido colhida, segundo a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).

Portos

Os valores também recuaram nos portos brasileiros em julho, pressionados pelo avanço da colheita nacional e pela baixa internacional durante uma parte do mês. A moeda norte-americana recuou 1,3% de 30 de junho a 31 de julho, a R$ 4,731 no último dia de julho. No acumulado do mês, o preço em Paranaguá (PR) registrou queda de 2,1%, a R$ 57,97/saca de 60 kg e, em Santos, o recuo foi de 3,5%, a R$ 57,6/sc no dia 31. Quantos aos embarques brasileiros, totalizaram 4,3 milhões de toneladas do cereal em julho, superando os 4,11 milhões no mesmo mês de 2022.

Internacional

Nos Estados Unidos, as cotações oscilaram durante todo o mês. Se, por um lado, os preços avançaram devido às preocupações com a oferta global, diante do aumento das tensões no Leste Europeu e da previsão de tempo quente e seco no Meio-Oeste dos Estados Unidos em partes do mês, por outro, os vencimentos foram pressionados pela expectativa de safra
volumosa na atual temporada.

Entre 30 de junho e 31 de julho, os contratos Set/23 e Dez/23 avançaram 3,1% e 3,7%, fechando a US$ 5,04/bushel (US$ 198,41/t) e a US$ 5,13/bushel (US$ 201,96/t) no último dia útil de julho, respectivamente, na CME Group (Bolsa de Chicago). Quanto às lavouras, o USDA relatou no dia 31 de julho que 55% da safra norte-americana estava em condições boas e excelentes. Na Argentina, as atividades estão em bom ritmo. Segundo a Bolsa de Cereales, até o dia 27, a colheita havia alcançado 68,4% da área estimada.

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