Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) – O Estado do Pará, que lidera o país com os mais altos níveis de destruição da floresta amazônica, lançará um programa obrigatório para rastreamento de gado em uma tentativa de reprimir o desmatamento relacionado à pecuária, disse nesta sexta-feira um parceiro envolvido no projeto.
O pasto para gado é o uso inicial mais comum para áreas desmatadas na Amazônia e no vizinho Cerrado, à medida que o Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo.
O governo do Pará lançou o programa na cúpula climática COP28 nesta sexta-feira, de acordo com a The Nature Conservancy, um grupo global de conservação ambiental que trabalha no projeto do Pará.
O governo estadual estabeleceu o programa em um decreto publicado na segunda-feira e define a meta de rastreamento individual de todos os 24 milhões de bovinos do Estado até dezembro de 2026.
A criação de gado no Brasil está ligada a quase 24% do desmatamento tropical anual global e a aproximadamente 10% do total de emissões globais de gases de efeito estufa, segundo a Nature Conservancy.
O Pará tem o segundo maior rebanho de gado do Brasil, atrás apenas do Mato Grosso, de acordo com dados do governo.
A Nature Conservancy disse que o programa oferecerá incentivos para que os pecuaristas participem do sistema de rastreabilidade para garantir o cumprimento da nova lei, sem dar detalhes sobre os incentivos.
“Em um Estado maior do que a França, a Espanha e a Noruega juntas, com mais de 24 milhões de cabeças de gado em mais de 295.000 fazendas, o programa traz uma nova abordagem para garantir reduções contínuas no desmatamento e nas emissões de gases de efeito estufa associadas à pecuária”, disse a entidade.
O programa faz parte de um esforço liderado pelo governador do Pará, Helder Barbalho, para reforçar as credenciais verdes do Estado antes de Belém sediar a cúpula sobre mudanças climáticas COP30, em 2025.
“O Programa de Integridade Pecuária do Pará, anunciado hoje na COP28, é uma camada fundamental para lidar com o maior fator de desmatamento e emissões no Brasil”, disse Jack Hurd, diretor executivo da Tropical Forest Alliance, uma iniciativa que trabalha com empresas de commodities para reduzir o desmatamento.
“A ausência de rastreabilidade total no Pará prejudicou sua capacidade de atrair investimentos legítimos para esse setor.”