Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) – O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) foi convocado para participar de um grupo de estudos sobre a possibilidade de exportação de energia da Venezuela para Brasil, em momento em que os dois países buscam retomar uma operação suspensa há alguns anos, disse o diretor-geral do órgão, Luiz Carlos Ciocchi.
Segundo ele, seriam necessários investimentos para a manutenção e atualização da linha de transmissão que liga os dois países, depois de anos sem uso.
Os estudos vão abranger esses aspectos de capacidade e potencialidade da infraestrutura.
“Seria uma energia bem-vinda ainda mais no Norte do país. Hoje não dá para dizer nem quanto nem quando isso vai acontecer”, afirmou ele.
Esta semana, durante encontro de líderes na América do Sul, no Brasil, os presidentes Lula e Nicolás Maduro trataram do assunto.
O presidente brasileiro defendeu a retomada da compra de energia da Venezuela para ajudar no abastecimento de energia do Estado de Roraima, como acontecia há alguns anos.
A ideia seria reativar o chamado linhão de Guri que conecta os dois países. A linha liga a usina hidrelétrica de Guri, na Venezuela, a Boa Vista.
O Estado de Roraima está isolado do Sistema Interligado Nacional — e por anos foi abastecido pela energia venezuelana.
Para compensar a perda de energia vinda da Venezuela, a região brasileira passou a ser abastecida basicamente por geração térmica.
“Fomos chamados a participar de um grupo de estudos para ver essa questão. Não tem acordo para trazer energia. Antes havia um bloqueio (a essa energia). Agora tirou-se o bloqueio de não trazer a energia”, disse Ciocchi a jornalistas no Fórum Brasileiro de Líderes em Energia.
“Agora, que energia vem, quanto vem, como vem, quanto precisamos, tudo isso será estudado”, adicionou ele.
Maduro afirmou que a Venezuelana está pronta para retomar a cooperação elétrica com o Brasil, com preços que seriam acessíveis.
No mês no maio, com sobra de energia em outros sistemas conectados, o Brasil exportou para a Argentina 1.400 MW médios e de 400 a 500 MWs médios para o Uruguai.
PERÍODO SECO “CHUVOSO”
O diretor-geral do ONS afirmou que o período seco de 2023 está sendo bastante satisfatório para as hidrelétricas, e as perspectivas são bem animadoras para este ano e até para 2024.
As previsões apontam que ao fim do período de estiagem (outubro/novembro) o nível dos reservatórios da região Sudeste/Centro-Oeste poderá chegar a até 60%.
“Vamos chegar… muito bem, vamos ter de 40% a 60% de energia armazenada ao fim do período seco”, afirmou ele.
“Esse é o melhor cenário em 12 anos, eh uma perspectiva muito boa, muito boa”, adicionou ele, confirmando projeções de boa hidrologia.
Mais de 60% da energia gerada do país é hidrelétrica.