Cana: Sem chuvas no radar pelos próximos 15 dias, Centro-Sul deve acelerar colheita da safra 23/24

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O tempo firme deve imperar sobre a maior parte da principal região canavieira do país, o Centro-Sul, pelo menos pelos próximos 15 dias de julho. Com esse cenário, a expectativa da consultoria StoneX é que os trabalhos de colheita e moagem da safra 2023/24 acelerem, após frente fria entre maio e junho que atrapalhou os trabalhos.

“A primeira quinzena de julho deve ter volume mínimo de precipitações no Centro-Sul, com o final do período um pouco mais chuvoso apenas nos estados do Mato Grosso do Sul e do Paraná, mas em volumes que não tendem a prejudicar a colheita. São Paulo, onde se concentram as usinas do setor, não deve ter chuva nos próximos 15 dias e isso deve manter o crescimento expressivo da safra de cana”, explica Marcelo Di Bonifacio Filho, analista em inteligência de mercado da StoneX.

O mapa de previsão de precipitação de um dos centros da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, em inglês) mostra tempo firme na maior parte do Brasil Central, na primeira rodada de previsão, até o dia 11 de julho. Depois, entre os dias 11 a 19 de julho, algum volume de chuva passa a ser visto, mas de forma isolada.

Veja o mapa de previsão estendida de precipitação acumulada para todo o Brasil:

Mapa de previsão estendida de precipitação acumulada para todo o Brasil - Fonte COLA NOAA
Fonte: COLA/NOAA

Os números da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) para a primeira quinzena de junho já foram positivos ante o ano anterior, apesar de impacto marginal das chuvas no início do mês em algumas áreas do Centro-Sul. No período, foram processadas 40,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar ante 38,67 milhões de t no mesmo período da safra 2022/23, um avanço de 4,2%. Na segunda quinzena de maio, porém, a moagem foi de 46,19 milhões de toneladas.

“Mesmo com o cenário de chuvas [entre maio e junho], a produtividade continua excelente para as usinas e, no geral, a colheita corre bem. Na segunda quinzena do mês, o setor não teve dias perdidos por chuva, assim como foi o mês de maio, quando a moagem cresceu fortemente e foi 16% maior que o ano passado”, ressalta o analista.

Ou seja, a tendência para as próximas semanas é de aceleração da moagem. “Já que as expectativas são de ausência de precipitações também na primeira quinzena de julho, os próximos reportes da UNICA devem continuar apontando para volumes elevados de moagem – até agora, o Centro-Sul está 13,9% acima do ano passado em volume de cana”, afirma Bonifacio Filho.

Caso esse cenário de tempo firme se mantenha, as previsões da StoneX de moagem na atual temporada deverão ser confirmadas. Porém, a safra 2023/24 está cerca de 20 milhões de toneladas atrás no acumulado em comparação com a safra 2020/21 – última vez que o setor colheu 605 milhões de toneladas de cana –. “Isso indica que 2023/24 deve ser ou uma temporada de pico durando mais tempo, ou uma temporada se alongando para além do normal, até novembro por exemplo – ou o conjunto dos dois, que é possível”, diz.

EL NIÑO PODE MUDAR CENÁRIO

Se o tempo firme tem beneficiado a colheita e moagem da safra 2023/24 até aqui e nas previsões de médio prazo, os prognósticos mais distantes ainda preocupam o mercado. O fenômeno climático El Niño está em andamento e pode mudar o cenário de chuvas no Centro-Sul do Brasil. A média dos modelos aponta para um fenômeno climático moderado até o final de 2023 e início do ano que vem, apesar de alguns apontarem intensidade forte.

“O mercado teme que o El Niño a partir de agosto/setembro traga chuvas acima da média no Centro-Sul e isso atrapalharia bastante a colheita. Por outro lado, isso não se materializa por enquanto, então os temores têm diminuído. A grande preocupação é a Ásia, já que El Niño tende a diminuir as chuvas na Tailândia e na Índia. Assim, julho a setembro vai ser um período chave para concretização ou não desse cenário”, explica Bonifacio Filho.

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