Recente boletim divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) destaca a influência do clima global nas condições das lavouras em diversas partes do mundo. O cenário atual é de extrema variabilidade climática, afetando as principais regiões produtoras.
De acordo com o metereologista do Portal Agrolink, Gabriel Rodrigues, na Europa, a prolongada estiagem tem reduzido drasticamente a disponibilidade de umidade nas lavouras, gerando preocupações. Enquanto isso, em áreas do Brasil, Argentina e China, o problema é o excesso de umidade, que coloca os agricultores em alerta.
Essas condições climáticas adversas podem estar relacionadas aos impactos do fenômeno El Niño, que tende a aumentar as chuvas em regiões como Ásia Central, sul da América do Norte, sudeste da América do Sul, sul da Europa, leste e sul da África Oriental e sul e leste da China. Por outro lado, áreas mais secas do que o normal são previstas na América Central, Caribe, norte da América do Sul, partes do oeste e norte da África Oriental, África Austral, Índia, Norte da China, Continente Marítimo e Austrália.
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A perspectiva é que o El Niño em curso atingirá seu pico de intensidade entre outubro de 2023 e janeiro de 2024, com sua atividade persistindo até março e maio de 2024. Essa situação climática desafiadora exige uma monitorização constante por parte dos agricultores e autoridades, pois pode ter impactos significativos na produção de alimentos e na economia global.
Mais: Quando o El Niño deve atingir o pico
Europa – quente e seco, mas chuvas fortes no extremo norte
- Clima seco e muito quente em grande parte da Europa favoreceu um ritmo acelerado na colheita de culturas de verão, bem como no plantio e emergência de culturas de inverno.
- Chuvas intensas causaram inundações nas regiões mais ao norte do continente, especialmente na Dinamarca.
- O tempo firme na Grécia permitiu que os produtores de algodão avaliassem os impactos das inundações no final de setembro.
Leste Europeu – seco e muito quente
- Clima seco e quente na maior parte da Ucrânia e da Rússia favoreceu a colheita de culturas de verão, mas deixou os solos sem umidade para o plantio e estabelecimento do trigo de inverno.
Oriente Médio – chuvas na Turquia, mas seco conforme o esperado em outros lugares
- Chuvas altamente irregulares, mas localmente intensas, na Turquia trouxe umidade para o plantio e estabelecimento de grãos de inverno (final do ano); no entanto, as chuvas foram mais fortes no norte e leste, fora das principais áreas de cultivo.
- O tempo seco conforme o esperado persistiu em outros lugares, mas chuvas se espalharam pela Síria no final do período.
Índia – retirada das monções
- As chuvas da monção do sudoeste continuaram a recuar na Índia, com tempo seco conforme o esperado apoiando a maturação e colheita das culturas de kharif plantadas mais cedo no norte e oeste. Chuvas intensas continuam no leste da Índia, beneficiando o arroz e reforçando os suprimentos de irrigação.
China – tempo úmido no sul
- Uma faixa estreita de chuvas passou pelo sul da China, atrasando os trabalhos sazonais no campo, mas aumentando os suprimentos de irrigação.
América do Sul – ficando muito úmido no sul do Brasil
- Umidade excessiva no sul do Brasil prejudicou a maturação e a colheita do trigo precoce, enquanto chuvas melhores mais ao norte beneficiaram as culturas de verão.
- Na Argentina, chuvas no leste e nordeste favoreceram o trigo nos últimos estágios de desenvolvimento, bem como as culturas de verão recém-plantadas.
O material foi elaborado pelo metereologista do Portal Agrolink com revisão de Aline Merladete.