• Condições climáticas desfavoráveis no Brasil, incluindo escassez de chuvas e altas temperaturas, estão afetando a safra de soja, gerando preocupações sobre a produção.
• Os preços da soja em Chicago estão respondendo de maneira incomum à situação da safra brasileira, com prêmios de exportação normalmente assumindo esse papel. Isso se deve ao apertado balanço de soja nos EUA e à possível redução na produção brasileira.
• Produtores brasileiros, já hesitantes em vender, estão reforçando sua posição devido a preocupações crescentes e à possibilidade de preços mais altos. Comercialização lenta está sendo reportada, resultando em um mercado físico local mais firme e um aumento simultâneo tanto nos futuros quanto nos prêmios.
• Apesar de melhora nas previsões do tempo de curto prazo, os desafios persistem, com o padrão El Niño esperado até o início de 2024.
Os preços da soja em Chicago têm encontrado suporte nas preocupações com a safra no Brasil
O ritmo de plantio, que começou de maneira promissora, diminuiu significativamente devido às condições climáticas observadas. Embora a precipitação costume atrair a atenção nas discussões sobre clima e safras, é crucial observar que a temperatura também desempenha um papel significativo. Até agora, não apenas a chuva tem sido escassa, mas as temperaturas também estão excepcionalmente altas, agravando o problema.
No curto prazo, as previsões não são encorajadoras, mas são um pouco melhores do que antes
A divisão entre áreas secas e úmidas se deslocou para o norte, saindo do meio do Paraná nos relatórios da última semana para o meio de Mato Grosso do Sul nos últimos. Isso é uma boa notícia, especialmente considerando que há aproximadamente 32 milhões de toneladas de produção entre esses dois estados.
“No entanto, é crucial moderar nossas expectativas. A situação em Mato Grosso e Goiás ainda envolve precipitação abaixo do normal e temperaturas acima da média, embora em menor grau do que em modelos anteriores. Esses dois estados juntos devem produzir mais de 60 milhões de toneladas. A perspectiva otimista é que ainda há tempo. Assim como ‘a soja é feita em agosto’ nos EUA, a safra de soja no Brasil é definida entre dezembro e janeiro”, observa Pedro Schicchi, analista de Grãos & Oleaginosas da hEDGEpoint Global Markets.
“Portanto, ainda há oportunidade de recuperação, mesmo que algum dano já seja provavelmente permanente. O desafio é que o padrão El Niño que vemos nos mapas climáticos atuais está previsto para permanecer até o início de 2024, o que não inspira muita esperança”, complementa o analista.
Curiosamente, Chicago está respondendo de maneira mais forte às preocupações no Brasil do que o normal – os prêmios de exportação desempenham esse papel em geral. No entanto, com um balanço apertado de soja nos EUA, as perspectivas de uma menor produção no Brasil sugerem mais demanda estrangeira para o mercado americano, competindo com o forte mercado interno.
Como resultado, os futuros na CBOT têm estado mais sensíveis aos mapas climáticos para o Brasil, até mostrando alguma fraqueza à medida que mapas melhores surgiram na semana passada. No entanto, por enquanto, o mercado físico no Brasil não parece acreditar que essas chuvas mudarão muito.
Relatos indicam que os agricultores no Brasil já estavam hesitantes em vender, e com preocupações aumentadas e a possibilidade de preços mais altos, é provável que mantenham essa posição.
Com vendas lentas, esperamos ver um mercado físico local firme. Isso cria a situação incomum em que futuros e prêmios têm subido juntos. Mesmo que suporte, em geral, seja esperado para o prêmio, é ainda mais provável vê-lo subir rapidamente quando Chicago responde precipitadamente às previsões meteorológicas melhores, e o mercado local permanece cético, como vimos no final da semana passada
“Um fator final a ser observado em relação ao prêmio é que, mesmo com cortes de produção relativamente altos, há grandes chances de que a produção no Brasil ainda seja grande. Com baixa comercialização e déficits de capacidade de armazenagem, os prêmios ainda estarão pressionados na época da colheita – talvez não tanto quanto no ano passado, mas ainda assim”, observa o analista.
O que tirar de tudo isso?
“Em resumo, com base nesses fatores, estimamos a produção brasileira em 160 milhões de toneladas, uma redução leve em relação à estimativa anterior de 162 milhões de toneladas”, aponta.
Certamente, há espaço para mais cortes se as condições meteorológicas permanecerem ruins, mas há muita água para passar por baixo dessa ponte, e é bastante difícil fazer afirmações definitivas antes das fases reprodutivas da safra (dezembro-janeiro).
O mercado físico não parece estar convencido dos impactos dessas melhores previsões de chuva. Preços na CBOT estão mais voláteis e têm respondido mais rapidamente aos novos modelos, já os prêmios podem continuar encontrando suporte nas vendas lentas.
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