O início do plantio das principais commodities agrícolas do país, como soja, milho, café, algodão e cana, neste ano, está cercado por um sinal de alerta significativo: os impactos previstos do El Niño, um fenômeno climático decorrente do aquecimento das águas do Oceano Pacífico, com uma duração média de 18 meses.
Segundo Elvis Alves, Engenheiro Agrônomo e Supervisor de Agricultura Irrigada do Grupo Pivot, embora não haja uma estimativa oficial de perdas para a safra 2023/2024, reconhece-se a presença de sérios riscos de queda na produtividade em muitas lavouras, caso a intensidade dos efeitos do El Niño se confirme e os produtores não adotem medidas para minimizar os impactos. No entanto, ele destaca que é possível mitigar os efeitos do El Niño e manter uma boa produtividade, mesmo diante das adversidades climáticas, por meio de um planejamento abrangente desde antes do plantio até o pós-colheita, além de contar com um sistema eficiente de irrigação.
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Elvis esclarece que os equipamentos disponíveis no mercado atual, como plantadeiras, tratores e pulverizadores, muitos equipados com alta tecnologia, apresentam ferramentas que otimizam custos operacionais, reduzindo significativamente o investimento por hectare. “Há hoje máquinas que me permitem fazer aplicação de insumos a taxa variada, seja de fertilizantes ou de defensivos agrícolas, e com a ajuda de imagens aéreas, a aplicação desses produtos é feita de forma muito mais precisa onde está a praga na lavoura. Há também equipamentos que, com auxílio de plataformas digitais, fazem a leitura do solo mostrando as zonas de fertilizantes. Ou seja, eu consigo otimizar a utilização dos meus recursos aplicados e dos insumos usados para aumentar a produtividade e qualidade das culturas”, esclarece.
Além das soluções tecnológicas em irrigação e maquinário agrícola, o engenheiro agrônomo destaca outras orientações valiosas para o período de plantio, que ocorre nas regiões Centro-oeste e Sudeste, visando aprimorar a produtividade, mesmo diante dos desafios do El Niño. “Uma sugestão que faço é a utilização de cultivares adaptadas à região e que tenham ciclo mais curto, antecipando ao máximo a colheita. Assim, o produtor consignará se prevenir mais lá na frente”, explica Elvis Alves.
O especialista também orienta sobre como melhorar o desempenho do solo. “É interessante que o produtor, ao invés de gradear suas áreas de cultivo, ele deixe aquela matéria orgânica presente na superfície do solo (em geral material vegetal seco de outras colheitas), fazendo com que a água das primeiras chuvas consiga manter umidade na superfície e assim diminuir a temperatura do solo também. A presença dessa matéria orgânica sob o solo também diminuirá a força com que a chuva vai carrear os nutrientes para baixo da superfície”, detalha o supervisor de irrigação localizada da Pivot.