SÃO PAULO (Reuters) – As lavouras de trigo do Rio Grande do Sul, cuja colheita começou em poucas áreas, perderam potencial produtivo após as tempestades registradas o início do mês, avaliou nesta quinta-feira a Emater, o órgão de assistência técnica ligado ao governo gaúcho.
Antes dos problemas climáticos, a safra de trigo no Rio Grande do Sul havia sido estimada em 4,55 milhões de toneladas em 2023, queda de 14% ante 2022, quando as produtividades foram favorecidas pelo clima.
“A cultura continua a se desenvolver bem, porém já perde potencial produtivo, em algumas regiões, devido aos eventos climáticos adversos na primeira quinzena do mês”, disse a Emater em boletim semanal.
Juntamente com o Paraná, o Rio Grande do Sul responde por cerca de 90% da colheita de trigo do Brasil.
Segundo o órgão gaúcho, as plantas apresentam menor porte em comparação a anos anteriores.
“Além disso, os sintomas de danos causados por geadas, chuvas excessivas e doenças têm se agravado em plantas no estágio de enchimento de grão”, destacou.
A Emater acrescentou que nos dias ensolarados foi possível dar continuidade aos tratamentos químicos com fungicidas.
“Os produtores estão preocupados quanto ao possível aumento da incidência de doenças nas lavouras, provocado pelo grande volume de chuvas, pelo excesso de umidade e pela elevação da temperatura, especialmente em relação a patógenos”, disse, citando giberela, brusone, mancha-amarela, entre outras.
Algumas lavouras no noroeste do Estado, semeadas antes do período recomendado, foram colhidas, “mas não são estatisticamente significativas”.
Cerca de 11% da safra está em maturação, 42% em enchimento de grãos, 39% em floração e 8% em desenvolvimento vegetativo.
MILHO E ARROZ
Diante de condições meteorológicas “menos desfavoráveis”, após as fortes chuvas na primeira quinzena, e com a sequência de alguns dias com tempo firme, houve avanço no plantio de milho do Rio Grande do Sul, para 50% da área projetada, com os trabalhos à frente da média histórica para o período de 44%.
“Após as volumosas precipitações, há demanda de reaplicação de adubação nitrogenada em cobertura devido às perdas ocasionadas pela lixiviação e ao aspecto visual das plantas, cuja coloração está verde pálido por causa da redução de clorofila nos tecidos vegetais”, explicou a Emater.
A Emater estimou anteriormente que o Estado poderá produzir 6,06 milhões de toneladas de milho em 2023/24, aumento de 53,2% ante o ciclo anterior afetado pela seca.
Com relação ao arroz, a ocorrência de elevados volumes de precipitações, na primeira quinzena de setembro, resultou na suspensão dos trabalhos de preparação do solo e da semeadura.
E os níveis de umidade no solo seguem excessivamente elevados, segundo a Emater.
“Estima-se que seja necessário um período de até duas semanas sem precipitações para drenar o excesso de água e proporcionar a umidade ideal para a retomada dos processos de plantio”, disse.
O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do Brasil, com safra estimada pela Emater em 7,5 milhões de toneladas, aumento de 4,19% ante o ciclo anterior.
(Por Roberto Samora)