Os vinhedos da renomada região produtora de cava de Penedes, na Catalunha, estão tão ressecados que as raízes de vinhas de 30 anos morreram, deixando uvas vermelhas e verdes murchas sob o sol intenso – para consternação do setor. A região nordeste está entre as mais afetadas pela longa seca na Espanha, registrando o início de ano mais seco nos primeiros quatro meses de 2023 desde que os registros começaram em 1961.
O setor da cava acredita que pode perder entre 35% e 55% das uvas face a uma colheita relativamente normal devido à escassez de chuvas, disse Quim Tossas, presidente da AE CAVA, grupo empresarial que representa 75% dos produtores da bebida espumante. “A situação é dramática”, disse ele.
A maior parte da cava é vendida fora da Espanha – o segundo maior produtor mundial de vinho espumante depois da França. No ano passado, o setor produziu 249 milhões de garrafas, 4,6% a mais que em 2021.
Como as secas e temperaturas acima do normal devem se intensificar em consequência das mudanças climáticas, alguns produtores buscam soluções criativas, na esperança de reduzir o uso de água.
A Adega de Vilarnau está a reaproveitar a água de limpeza para regar também as vinhas, separando as vinhas para que sofram menos do que chamam de “estresse hídrico” e utilizando outras sementes e castas consideradas mais resistentes à seca. “As mudanças climáticas nos afetam não apenas na produção, mas também na mudança de mentalidade da viticultura”, disse Eva Plazas, enóloga de Vilarnau. “Acho que o futuro vai ser assim: variedades nativas, muito mais (distanciamento entre) postos de plantio e tentar reaproveitar a água que temos, para que tudo isso acabe somando para que possamos ter uvas de qualidade na região”.
Fonte: Reuters com tradução Agrolink*