As temperaturas continuam subindo fortemente nos Estados Unidos nestes últimos dias, as previsões são de que continuem a se elevar e as condições chamam a atenção dos produtores, principalmente porque as chuvas esperadas para as próximas semanas ainda deverão ser limitadas, podendo agravar ainda mais o quadro.
O boletim diário do Commodity Weather Group traz como um dos seus destaques nesta quarta-feira (26) o estresse hídrico que vai se intensificando no país, com cerca de um quarto do Meio-Oeste americano sentindo os efeitos deste momento nesta semana. Algum alívio deverá ser sentido somente entre os próximos 6 a 15 dias, caso as precipitações esperadas se confirmem.
Os mapas abaixo mostram as previsões chuvas e temperaturas nos próximos 1 a 5 dias – na primeira linha; 6 a 10 dias na segunda e 11 a 15 na terceira, sendo chuvas à esquerda e temperaturas à direita. E nas duas primeiras é possível perceber que apontam para temperaturas acima da média.
A onda da calor que castiga os Estados Unidos, com temperaturas acima dos 38ºC, deve chegar também a áreas próximas ao rio Mississippi e ao longo da Costa do Golfo nos próximos dias, o que poderia comprometer também a logística no país, como explica o meteorologista do portal DTN The Progressive Farmer, John Baranick.
O especialista afirma ainda que para um parte do cinturão, felizmente, essa onda de calor será breve, com um sistema de baixa pressão vindo do Canadá e trazendo uma frente fria para o norte dos Estados Unidos, podendo se estender um pouco mais, o que poderia trazer algum alívio a estados mais a sul do cinturão. Baranick complementa dizendo que, com as condições se confirmando desta forma, os estados do norte poderão registrar temperaturas mais próximas da média e a frente fria poderia não ser forte o suficiente para garantir condições semelhantes aos estados mais ao sul do Corn Belt.
“O calor extremo nesta época do ano é muito estressante para o milho e a soja em seus estágios mais vulneráveis de desenvolvimento, durante a polinização e o enchimento inicial dos grãos. Além disso, também prejudica a pecuária e maltrata os animais. Isso cria um momento difícil para grandes as principais áreas agrícolas do país, especialmente quando todo esse calor é persistente e prolongado”, afirma o meteorologista.
Para o mercado, que já vem precificando estas condições, a maior preocupação não é o cenário isolado do calor, como explica o diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro.
“O calor não é algo incomum para este período do ano por lá. A preocupação é pelo fato de termos a soma de calor forte, com solos já com umidade baixa em boa parte das regiões produtoras, com previsões que não mostram muita chuva nos próximos 10 dias”, diz. As imagens abaixo trazem os mapas do NOAA, o serviço oficial de clima dos EUA, indicam que no período dos próximos 6 a 10 dias – de 1 a 5 de agosto – as temperaturas deverão ficar acima da média e as chuvas, na maior parte do Corn Belt. Sobre as chuvas, as regiões que mais preocupam são estados como Iowa, Minnesota, Wisconsin, o leste das Dakotas e o norte de Illinois e Indiana, onde os volumes esperados devem ficar abaixo ou dentro da média.
“Se tudo isso se confirmar, podemos ver um movimento de reversão da melhora que estamos observando nas últimas três semanas, aumentando, portanto, a percepção que a produtividade de 52 bushels por acre (58,8 sacas por hecatre) é uma produtividade muito alta para a realidade atual. E isso sim, tem efeito para dar suporte ao mercado em Chicago”, complementa o diretor da Pátria. O novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) chega no dia 11 de agosto e as expectativas são de que o rendimento das lavouras americanas sejam corrigidos para baixo.
Nesta quarta-feira, por exemplo, o mercado da soja operou sem direção e fechou o dia em campo misto na Bolsa de Chicago. O contrato agosto encerrou a quarta-feira com 30,75 pontos, sendo cotado a US$ 15,46, enquanto o novembro – referência para a safra americana – foi a US$ 14,20, sem variação. O janeiro/24, por sua vez, perdeu 0,25 ponto e fechou com US$ 14,25 por bushel.