A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2023 de trigo é de que sejam produzidas 10,5 milhões de toneladas. Nas próximas semanas, o plantio deve começar na região Sul, quando será possível, com base na área, ajustar esse número. Há outras fontes de pesquisa de mercado indicando uma safra acima de 11 milhões de toneladas. O aumento da produção dessa temporada vem a reboque da expansão de área, principalmente nos Estados do Paraná e Rio Grande do Sul, conforme informações do boletim de abril da Consultoria Agro do Itaú/BBA.
No Estado gaúcho, as perdas da safra de verão devem estimular esse incremento de área, visto que as margens de trigo devem remunerar o produtor e dar um alívio ao fluxo de caixa para a próxima safra. Além disso, os produtores que perderam a janela ideal de plantio no Paraná também tendem a plantar o trigo.
Para o produtor, “um olho no peixe e outro no gato”. O clima mais adverso, com a confirmação do El Niño, pode trazer massas de ar frio e chuvas antecipadas na região Sul no momento em que a lavoura estará em desenvolvimento, o que pode prejudicá-la, aponta a Consultoria Agro do Itaú/BBA.
Já para o cenário de comercialização, a preocupação fica com a combinação da lentidão das exportações sucedida de acréscimos de produção do cereal, o que pode deixar os estoques mais frouxos e pressionar ainda mais os preços no momento da colheita.
Nessa conjuntura de comercialização atrasada e proximidade da próxima safra, negociar o trigo ainda remanescente no estoque pode ser uma forma de mitigar o risco de preços lá na frente, no momento da colheita.
Nos moinhos, horizonte de boas margens. Os preços da farinha de trigo vêm andando de lado, embora ainda 23% acima quando comparados com o mesmo período do ano passado.
Contudo, o quadro para manutenção e aquisição de estoques é favorável visto que os preços do cereal caíram significativamente nesse mesmo interim, o que garante boas margens à operação num cenário de curto prazo que deve manter as cotações nos atuais níveis.