Os preços do milho avançaram em novembro pelo terceiro mês consecutivo, impulsionados sobretudo pela retração de vendedores. Estes agentes estiveram atentos ao clima, que atrapalhou o avanço da semeadura da safra verão e que pode, consequentemente, resultar em cultivo do milho fora da janela considerada ideal. Além disso, as exportações aquecidas e consumidores domésticos, preocupados com o clima, mais ativos no spot também influenciaram os avanços no mês.
No acumulado de novembro, o Indicador Esalq/BM&FBovespa subiu fortes 4,5%, fechando a R$ 62,74/saca de 60 kg no dia 30 – o maior patamar desde o início de maio deste ano (R$ 62,85/sc de 60 kg). A média de novembro, de R$ 60,65/sc, ficou 2,6% acima da de outubro/23 e foi a maior desde abril/23 (de R$ 74,85/sc). Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores subiram 6,8% no mercado de lotes (disponível) e 5,7% no de balcão (ao produtor). Quando comparadas as médias mensais, as altas foram de 2,6% no mercado de balcão e de 4,7% no de lotes. Na B3, o vencimento Jan/23 avançou 8%, fechando a R$ 69,88/sc de 60kg no dia 30. Os contratos Mar/24 e Maio/24 se valorizaram 7% e 9%, respectivamente, indo para a R$ 73,47/sc e R$ 74,14/sc.
Portos
Apesar das desvalorizações externa e do dólar no acumulado de novembro, a aquecida procura internacional pelo cereal brasileiro sustentou os preços nos portos. Entre 31 de outubro e 30 de novembro, os valores avançaram 0,1% em Paranaguá (PR) e 4,5% em Santos (SP). A moeda norte-americana fechou a R$ 4,921 no dia 30, recuo de 2,3% no mês. Dados divulgados pela Secex no dia 1° indicam que os embarques de milho somaram 7,4 milhões de toneladas em novembro, 25,7% superior ao volume de novembro/22. A quantidade escoada pelo Brasil no mês ficou bem próxima à estimada pela Anec (Associação Nacional de Exportadores de Cereais), de 7,35 milhões de toneladas.
Internacional
Os valores externos foram pressionados em novembro pela safra dos Estados Unidos, que chegou na reta final da colheita, e pela melhora do clima na Argentina, com o retorno das chuvas. As quedas só não foram mais intensas devido a preocupações com a semeadura da safra verão no Brasil que, até o final do mês, seguia com atrasos. Assim, o contrato Dez/23 na Bolsa de Chicago (CME Group) apresentou queda de 3,55% no acumulado de novembro, fechando a US$ 4,6175/bushel (US$ 181,78/t) no último dia útil do mês. Os vencimentos Mar/24 e Maio/24 se desvalorizaram 2% e 1,3%, respectivamente, passando para US$ 4,8275/bushel (US$ 190,05/t) e US$ 4,95/bushel (US$ 4,95/t).
Estimativas
A Conab indicou em novembro que a produção total de milho no Brasil na safra 2023/24 deve ser entre 119,06 milhões de toneladas, recuo de 9,6% em relação à temporada anterior, mas ainda 12% superior à média das últimas cinco temporadas. A redução na produção é reflexo da menor área semeada nas primeira e segunda safras. Para a primeira temporada, a redução na produção em relação à temporada anterior deve ser de 5,5%, totalizando 25,86 milhões de toneladas. Para a segunda e a terceira safras, as quedas são de 10%, estimadas em 91,22 milhões de toneladas e em 1,98 milhão de toneladas, respectivamente.
Já o consumo segue aumentando no mercado interno, previsto em 84,46 milhões de toneladas, 6% maior que em 2022/23. Com relação às exportações, a Conab estima que 38 milhões de toneladas sejam escoadas pelo Brasil na safra 2023/24, contra 52 milhões de toneladas em 2022/23. Com isso, os estoques finais, em janeiro/25, são apontados em 8,86 milhões de toneladas, 13% menores que os da temporada anterior. Em termos mundiais, o USDA informou que a produção de milho deve totalizar 1,22 bilhão de toneladas, 6% a mais que em 2022/23.
Especificamente nos Estados Unidos, a produção deve ser de 386,96 milhões de toneladas. No Brasil e na Argentina, as colheitas seguem estimadas em 129 milhões de toneladas e em 55 milhões de toneladas, respectivamente. O consumo mundial deve crescer 3% entre as duas temporadas, estimado agora em 1,2 bilhão de toneladas. Apesar disso, a maior produção mundial resultou em aumento nos estoques finais, passando de 299,22 milhões de toneladas em 2022/23 para 314,98 milhões em 2023/24.
Campo
Com o retorno das chuvas no Centro-Oeste e em partes do Sudeste e a redução delas no Sul do País no final de novembro, os trabalhos de campo avançaram em todas as regiões. A semeadura da safra verão chegou a 60% da área nacional, segundo dados da Conab do dia 4 de dezembro, mas ainda 11,2 pontos percentuais abaixo do registrado no mesmo período da safra 2022/23.
No Rio Grande do Sul, 85% da área estadual estimada para milho havia sido semeada até o dia 30 de novembro, conforme dados da Emater/RS.
No Paraná, a semeadura chegou a 99% da área até o dia 27 de novembro, de acordo com a Seab/Deral.
A Secretaria também atualizou a estimativa de produção para safra verão, que deve ser de 3,05 milhões de toneladas, 19% menor que a da temporada anterior. Essa redução é reflexo da queda de 18% da área estimada e do excesso de chuvas e altas temperaturas nos últimos meses.
Em Santa Catarina, até o dia 4 de dezembro, a semeadura chegou a 99% da área estadual, segundo a Conab.