Safra americana pode pressionar preços dos óleos vegetais no 4º trimestre

Os preços dos óleos vegetais registraram significativa volatilidade no último trimestre. O óleo de soja encarou forte avanço de 42% nos preços entre o final de maio e meados de agosto, motivado principalmente pelas instabilidades climáticas na região produtora de soja dos EUA e as incertezas em relação à produção do país enquanto o setor de biocombustíveis seguiu aquecido. Entretanto, desde meados de agosto, o óleo passou a apresentar tendência majoritariamente baixista, influenciado pelas perspectivas de ampliação da oferta com a entrada da nova safra americana em outubro e relatos de refinarias de diesel e biodiesel do país bem abastecidas para o restante do ano. Neste cenário, o 3º trimestre se encerrou com o óleo recuando 9,5%, cotado a US¢ 55,8/lb.

A perspectiva de elevação da oferta de óleo de soja nos Estados Unidos é um fator baixista para os preços na bolsa. Apesar de a safra do país ter sido negativamente impactada pelo clima seco no Meio Oeste americano, as perdas não foram tão significativas. O progresso da colheita e a expectativa de forte esmagamento a partir de outubro, mês que sazonalmente apresenta o maior processamento de soja nos EUA, junto de uma tendência de recuperação dos níveis de estoques nos próximos meses, deve contribuir para aliviar a preocupação com a disponibilidade da matéria-prima.

Outro fator que pressionou os preços do óleo de soja e que deve permanecer no radar dos agentes nos próximos meses foi a forte queda registrada nas cotações dos RINs (Renewable Identification Numbers), que são créditos recebíveis ao produzir biocombustíveis nos Estados Unidos, funcionando em dinâmica semelhante à dos CBIOs no Brasil. Com as mudanças nas políticas governamentais relacionadas aos biocombustíveis, a produção de RINs da categoria D4 (relativos à produção de diesel renovável e biodiesel) tem aumentado rapidamente, com sua oferta ultrapassado a meta mensal estimada até o momento, resultando em uma forte queda nos preços destes papéis nos últimos dois meses. Considerando que a geração e venda dos RINs compõem parcela significativa da remuneração das refinarias, a forte queda dos preços dos RINs tem reduzido a atratividade de misturar o biocombustível, diminuindo, consequentemente, a demanda pelo óleo.

No Brasil, a grande disponibilidade contribuiu para uma relativa estabilidade nos preços do óleo nos últimos meses, com leve aumento de 4,6% nos últimos meses mesmo com as exportações fortes e a demanda por biodiesel avançando significativamente.

Segundo os dados da ANP, até agosto as vendas de biodiesel totalizaram 7,2 milhões de m³, alta de 17,3% em relação ao ano anterior. Deste volume, cerca de 3,9 m³ ou 82% foram produzidos através do óleo de soja. O acompanhamento do plantio da soja deve permanecer no radar do mercado, com a ocorrência do El Niño favorecendo o potencial de uma nova safra recorde, elevando a perspectiva de ampla disponibilidade do óleo para 2024, enquanto o país se prepara para aumentar a mistura do biodiesel no diesel de 12% para 13% no início do ano. O Cenário político também merece ser acompanhado, com membros do primeiro escalão do governo federal tendo sinalizado apoio nos últimos meses para um possível adiantamento da mistura para 15% já em meados do próximo ano.

Já o óleo de palma terminou o último trimestre com desvalorização de 2,2%, cotado a USD 795,3/t. A commodity marcou avanços em julho e agosto, mas tem recuado desde o início de setembro, com uma tendência baixista se desenhando para o curto-prazo. O 4º trimestre é sazonalmente um momento tanto de pico de produção nos principais produtores, Indonésia e Malásia, quanto de demanda em grandes importadores, Índia e China. Todavia, ao que parece, a Índia adiantou suas compras, registrando fortes volumes de importação de óleo de palma em julho e agosto, construindo estoques historicamente elevados para este momento do ano e já reduzindo significativamente seu ritmo de compras em setembro. Nesse sentido, a tendência de que a Índia lance mão de seus estoques e recorra menos ao mercado internacional pode atuar de maneira baixista nos preços.

Por outro lado, o El Niño tende a provocar um clima mais quente e seco e prejudicar a produção no Sudeste Asiático, sendo um ponto de atenção para a palma. Na Indonésia, os efeitos já estão sendo notados, com as precipitações em agosto e setembro tendo ficado abaixo da média dos últimos anos. A Associação Indonésia de Óleo de Palma informou que espera preços 11% mais altos em 2024 devido à perspectiva de uma menor produção no país, que responde por quase 60% de toda a produção global de óleo de palma.

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