Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – A safra de soja 2023/24 do Brasil está estimada em recorde de 158 milhões de toneladas, já considerando efeitos climáticos adversos em outubro e novembro no Centro-Oeste, disse o diretor de Agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes, durante apresentação de balanço de 2023 e perspectivas para 2024.
“Essa é a nossa melhor expectativa”, disse Fernandes a jornalistas nesta terça-feira.
Segundo ele, a previsão também considera uma boa pluviometria esperada para dezembro, à medida que o clima dá sinais de uma melhora no Centro-Oeste.
O gerente da consultoria Agro do Itaú BBA, Cesar Alves, disse que o fenômeno El Niño acabou sendo negativo para o Mato Grosso, diferentemente das expectativas iniciais, trazendo calor intenso e falta de chuvas para o maior produtor brasileiro da oleaginosa.
Analistas privados têm cortado suas projeções de safra de soja, que tinha potencial de superar 160 milhões de toneladas. No ciclo anterior, o Brasil colheu 154,6 milhões de toneladas.
Esse avanço esperado ante a temporada passada, apesar do clima adverso, é sustentado por um crescimento da área plantada e uma boa colheita esperada nos Estados do Sul do Brasil.
“Não somos tão pessimistas com a soja”, disse Alves, destacando que historicamente o Mato Grosso nunca teve “quebra maior do que 10%”.
“E alguns números exploram uma quebra maior (em Mato Grosso).”
O especialista ponderou que a previsão depende da confirmação das chuvas em dezembro. “É certo que, se não chover em dezembro (no Centro-Oeste), a coisa vai complicar.”
Uma safra de 158 milhões de toneladas seria suficiente para o Brasil, maior produtor e exportador de soja, atender os mercados interno e externo, na visão do banco.
O Brasil poderia ainda exportar cerca de 100 milhões de toneladas da oleaginosa no ano que vem, versus potencial anterior de 103 milhões de toneladas e contra 98,1 milhões de toneladas em 2023.
MILHO
Alves disse que o cenário para o milho segunda safra ficou “mais preocupante”, diante do atraso na safra de soja, plantada antes do cereal.
Ele avaliou que só será possível “calibrar” o impacto do atraso da soja para o milho no Centro-Oeste em fevereiro, quando terminar a colheita da soja.
Alves lembrou que já havia “desejo de reduzir a área plantada” de milho, devido à margem menor em meio à queda dos preços.
Agora, com o aumento do risco climático para o milho, pelo atraso do plantio da soja, crescem as dúvidas para os produtores sobre o plantio do cereal.
“É possível que o ímpeto de reduzir área aumente”, disse Alves.
O Itaú BBA está assumindo o cenário da estatal Conab para o milho, que aponta que o Brasil poderia produzir 119,1 milhões de toneladas em 2023/24, versus 131,8 milhões na temporada passada.
Dessa forma, a exportação cairia para 38 milhões de toneladas no próximo ano, versus 52 milhões de toneladas em 2023, quando o Brasil assumiu o posto de maior exportador global de milho. Em 2024, o país voltaria a ficar atrás dos EUA, considerando a menor expectativa de produção.
(Por Roberto Samora)