A colheita de trigo está avançando no Brasil e se aproximando da finalização. Entretanto, grande parte do cereal que está sendo colhido no Sul, principal região produtora do País, apresenta baixa qualidade, devido ao elevado volume de chuvas. O clima desfavorável também deve reduzir a disponibilidade interna do produto. Com isso, as cotações seguiram em alta no Brasil em novembro.
Segundo relatório divulgado pela Conab em novembro, a nova safra de trigo no Brasil deve somar 9,63 milhões de toneladas, baixa de 7,9% em comparação com o apontado em outubro e 8,7% abaixo do recorde da temporada passada (10,55 milhões de toneladas). Isso é observado mesmo com a área com trigo no Brasil tendo aumentado 12,1% frente à da temporada anterior, para 3,46 milhões de hectares. Assim, a menor produção se deve à queda na produtividade, que está estimada em 2,78 toneladas/hectare, com redução de 7,9% frente ao indicado em outubro e 18,6% inferior à registrada em 2022 (3,42 t/ha), ainda conforme a Conab.
Quanto às importações, a Conab elevou o volume estimado em 400 mil toneladas, para 5,4 milhões de toneladas para o período de agosto de 2023 a julho de 2024. A disponibilidade interna recuou 2,6% em comparação ao relatório anterior e está prevista em 15,7 milhões de toneladas entre agosto/23 e julho/24, com queda de 0,1% frente à da safra passada.
O consumo permaneceu projetado pela Conab em 12,64 milhões de toneladas, 2% maior que a estimativa da safra anterior (de agosto/22 a julho/23). Em novembro, o valor médio do trigo negociado no Paraná foi de R$ 1.263,13/t, avanço de expressivos 22,1% frente ao de outubro, mas baixa de 31,1% em relação ao de novembro/22, em termos nominais. No Rio Grande do Sul, a média de novembro foi de R$ 1.204,65/tonelada, alta mensal de 11,5%, porém, queda anual de 25,2%.
Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.320,30/t, avanço de 9% no mês, mas recuo de 25,3% em um ano. Em São Paulo, a média foi de R$ 1.216,52 em novembro, com elevação de 8,2% na comparação com outubro/23, mas baixa de 35,3% frente a novembro/22. Na Argentina, as estimativas foram novamente reajustadas para baixo. A Bolsa de Cereales reduziu a estimativa de safra de trigo argentino para 14,7 milhões de toneladas, em decorrência de geadas.
Mercado externo
A queda do primeiro vencimento na Bolsa de Chicago foi de 1,7% entre outubro e novembro, com média de US$ 5,6271/bushel (US$ 206,76/t) para o Soft Red Winter na CBOT. Na Bolsa de Kansas, o primeiro vencimento do trigo Hard Winter caiu 5,4%, para US$ 6,3051/bushel (US$ 231,67/t).
Transições externas
De acordo com dados da Secex, nos 20 dias úteis de novembro, as importações somaram 321,43 mil toneladas, contra 316,33 mil toneladas em novembro/22. O preço médio de importação em novembro/23 foi de US$ 262,1/t FOB origem, 31,4% abaixo do registrado no mesmo mês de 2022 (de US$ 382,1/t). Quanto às exportações, o Brasil não vendeu trigo em novembro deste ano – em todo o mesmo mês do ano passado, o País exportou 71,96 mil toneladas, também segundo a Secex.
Safra global
Em termos mundiais, dados do USDA apontaram nova baixa na produção, estimada agora em 781,98 milhões de toneladas, recuo de 0,2% frente ao apontado em outubro, com quedas na Índia, na Argentina e no Cazaquistão. Em comparação à safra anterior, a baixa na produção foi de 1%, com pressão vinda especialmente da Austrália e do Cazaquistão, que devem colher, respectivamente, 15,18 milhões de toneladas e 4,4 milhões de toneladas a menos em 2023/24. Em contrapartida, as expectativas de aumento da produção na Índia e na Argentina continuam positivas na temporada, com respectivas altas de 6,5 milhões de toneladas e de 2,45 milhões de toneladas frente à safra anterior.
O USDA prevê o consumo mundial em 792,84 milhões de toneladas em 2023/24, elevação de 0,1% em relação a 2022/23 e maior que a produção global. Com isso, os estoques finais podem somar 258,65 milhões de toneladas, queda de 4% em relação à temporada anterior e os menores desde 2015/16.