SÃO PAULO (Reuters) – As vendas de café do Brasil da safra 2023/24, cuja colheita está virtualmente finalizada, atingiram 50% do total esperado, de acordo com levantamento da consultoria Safras & Mercado com base em dados levantados até o dia 18 de setembro.
Houve um aumento de nove pontos percentuais na comercialização em relação ao mês anterior, mas o ritmo de vendas ainda está abaixo dos cerca de 52% do mesmo período do ano passado e da média histórica para o período (53%).
A Safras estima, assim, negociação de 33,57 milhões de sacas da safra 2023/24.
“Enquanto no Sul de Minas, Espírito Santo e Rondônia as vendas ganharam um pouco mais ritmo, o fluxo continua bastante retraído no Cerrado e na Mogiana. O principal impulso comercial é a necessidade de caixa, o que torna a comercialização ainda mais dosada”, disse o consultor de Safras & Mercado Gil Barabach.
As vendas do café arábica chegam a 47% da produção, abaixo de igual período do ano passado e da média de cinco anos, ambas em 51%. A comercialização de conilon/robusta “ganhou mais intensidade”, diante da maior presença de vendedores, avançando para 57% da safra, acima dos 55% vendidos em igual período do ano passado, mesmo índice da média histórica.
Para o analista, a demanda também continua a se posicionar de forma escalonada, o que contribuiu para a cadência lenta dos negócios.
“Nesse sentido, a boa performance dos embarques nesses dois primeiros meses da temporada comercial 2023/24 está atrelada, em boa parte, às negociações antecipadas”, comentou.
“É verdade que a oferta disponível aumentou, com o término da colheita. Mas o produtor continua evitando vir para o mercado”, afirmou.
Segundo Barabach, o bolsão de calor nesse final de inverno e início de primavera no Brasil pode causar sequelas às lavouras de café e “traz à tona o mercado de clima com as floradas da safra 2024”, em linha com reportagem da Reuters publicada nesta semana.
(Por Roberto Samora)