A segunda-feira (19) vai se encerrando com o mercado brasileiro ansioso pela retomada dos negócios com a soja na Bolsa de Chicago diante das adversidades climáticas que preocupam os produtores nos Estados Unidos agora. A seca tem se expandido e, depois do feriado desta segunda, em comemoração ao Juneteeth, mais reflexos podem chegar aos futuros da soja e do milho, uma vez que as previsões indicam mais dias de poucas chuvas no Corn Belt.
“Historicamente, as melhores cotações de Chicago, tanto para a soja, quanto para o milho, ocorrem entre este feriado do fim da escravidão (de hoje) e o feriado da Independência americana, do 4 de julho. Neste ano, como o plantio da soja se deu com duas semanas, em média, mais cedo, é provável que ao chegar no 4 de julho já estará se definindo se há perdas grandes, médias ou pequenas. Daí pra frente já é começo de enchimento de grão e o risco diminui”, epxlica o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
O especialista complementa dizendo que há cerca de duas semanas praticamente, até o 4 de julho, “e isso temos que considerar que passando essa fase e entrando em julho com chuvas regulares, aí não tem mais perdas e o risco é menor. Então, o produtor tem que estar preparado”.
Caso as condições de tempo se mantenham desfavoráveis e as previsões seguirem indicando este quadro para o próximo mês, inclusive, o contrato novembro – que fechou a última semana com 11% de alta e US$ 13,42 por bushel – poderia vir a testar os US$ 14,00 e, ainda segundo Brandalizze, “esta poderia ser a melhor cotação deste ano e do ano que vem”.
Os mapas abaixo, do NOAA – o serviço oficial de clima dos EUA -, apontam para pouca ou nenhuma chuva no coração do Corn Belt nos próximos cinco dias e ligeiramente melhores nos próximos sete, porém, ainda com volumes muito limitados.
Nos mapas mais alongados – para 27 de junho a 3 de julho – as previsões indicam temperaturas acima da média e chuvas dentro da normalidade no coração nas áreas mais importantes do cinturão.
“O atual momento ainda é não de alertarmos para quedas expressivas (na safra americana). O cenário não é bom, não é agradável,as previsões daqui em diante também não mostram um cenário muito animador, porém, eu alertaria que existem produtores americanso já fazenod comparações com grandes catástrofes climáticas que foram registradas no passado, como foi o caso de 2012”, explicou o diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta segunda-feira.
E complemetou dizendo que essas altas em Chicago também trazem algum alívio aos preços no Brasil, porém, de forma muito limitada. O avanço das cotações na CBOT tem sido neutralizado pela baixa nos prêmios no mercado nacional, o qual ainda esbarra em um volume ainda grande de soja para ser comercializado pelo Brasil.
“Sempre que os preços lá fora sobem, a nossa balança interna aqui chamada prêmio se equilibra dizendo que o mercado lá fora está subindo, mas aqui dentro ainda há muito grão para ser escoado, apesar de uma demanda agressiva”, explica. Em relação à média dos últimos cinco anos, há 12% menos de soja vendida pelo Brasil, com o ano já tendo começado com pouco produtor tendo sido comprometido. “Em valores absolutos, nunca tivemos tanta soja para ser comercializada”.
Assim, para esta semana, caso todo este cenário de clima desfavorável para os EUA se confirmar, o mercado pode ter novos dias de respiro para os preços, “podendo trazer apelo positivo para mais negócios no Brasil e cotações em alta. Assim, pode haver apelo também para aproveitar o momento – que pode ser um dos melhores para esta safra – e também já garantir a nova safra”, afirma Vlamir Brandalizze. “Lembrando que se as chuvas voltarem a cair em bons volumes nos EUA, teremos uma onda de liquidação e o cavalinho encilhado poderá ir embora antes de julho”.
A maior parte das praças de comercialização finalizaram o dia sem variação nas cotações da soja neste início de semana em função da falta referência de Chicago. Os indicativos nos portos seguem orbitando perto dos R$ 140,00 por saca, testando pequenas altas e baixas, mas perto desta referência tanto no disponível, quanto no futuro.
No interior, o mercado físico também registrou variações pontuais nesta segunda-feira. Londrina subiu 1,69% para R$ 120,00 por saca, Sorriso/MT 1,81% para R$ 106,99 e as demais terminaram o dia com estabilidade.