Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – Contando com uma safra recorde, o Brasil deverá superar a Argentina como exportador número 1 de farelo de soja na temporada 2022/23, apontou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em relatório nesta sexta-feira.
O país vizinho é tradicionalmente o maior exportador global de farelo e óleo de soja, um posto que vem sendo mantido com certa folga ao longo dos anos.
Mas em 2022/23 a Argentina foi atingida por uma severa seca que reduziu drasticamente a produção, enquanto o Brasil foi beneficiado por um clima favorável e plantou a sua maior safra da história de soja.
Até o mês passado, o USDA ainda via a Argentina como o maior exportador de farelo de soja, com 22,2 milhões de toneladas, contra 21,4 milhões de toneladas de exportações previstas para o Brasil no mesmo período.
Na previsão divulgada nesta sexta-feira, o USDA passou a apontar o Brasil na liderança desse mercado, com 21,65 milhões de toneladas, após um rebaixamento na estimativa para a Argentina no ano comercial a 21,1 milhões de toneladas.
A Argentina, que geralmente exporta a maior parte de sua produção de farelo, deverá produzir 23,4 milhões de toneladas do derivado de soja, segundo o USDA, enquanto o Brasil, que consome cerca de metade internamente, produzirá 41,46 milhões de toneladas no período 2022/23.
A associação brasileira da indústria de soja, a Abiove, chegou a afirmar anteriormente que as projeções de exportação de farelo de soja do país estão sendo favorecidas pela produção recorde da oleaginosa e também pela demanda gerada pela quebra na Argentina.
As exportações de farelo de soja do Brasil deverão superar 2,2 milhões de toneladas em junho, segundo projeção da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), volume praticamente estável ante maio, quando ficaram acima de 2 milhões de toneladas pela primeira vez desde julho de 2022.
O Brasil também tem elevado o processamento de soja neste ano para níveis recordes, contando com uma mistura maior de biodiesel, que tem no óleo a principal matéria-prima do biocombustível. Isso acaba resultando em maior oferta de farelo, indiretamente.
Para a nova temporada (2023/24), o USDA considera que a Argentina voltará a liderar o ranking da exportação de farelo de soja, com embarques de 24,3 milhões de toneladas, versus 21,8 milhões de toneladas esperada para o Brasil, uma vez que há expectativa de forte recuperação da safra do país vizinho.
SAFRA MAIOR
O ajuste na projeção sobre o farelo de soja pelo USDA aconteceu após o órgão do governo dos EUA elevar as estimativas de safras 2022/23 de soja e milho do Brasil para novos recordes, nesta sexta-feira.
A projeção para a soja para 2022/23, no ano comercial que termina em 31 de agosto, com colheita já finalizada no Brasil, foi ajustada para 156 milhões de toneladas, 1 milhão acima do volume previsto em meio.
O USDA ainda projetou a produção total de milho do país, que está começando a colheita da segunda safra, em 132 milhões de toneladas, 2 milhões de toneladas acima da projeção de maio.
O USDA também manteve os números da nova safra (2023/24) do Brasil em 163 milhões de toneladas para a soja e 129 milhões de toneladas para o milho.