Os preços da soja no mercado internacional apresentaram alta em julho. A média de julho apresentou valorização de 5,5% em Chicago, em USD 15,08/bu. Os preços mostraram reação diante da diminuição da área plantada com a oleaginosa nos EUA divulgada pelo USDA, de 4,6%, além do clima irregular no mês, que apresentou chuvas abaixo da média em algumas áreas do Meio-Oeste, além de temperaturas bem acima da média na maior parte do cinturão de grãos. Nos primeiros quinze dias de agosto, a queda para as cotações em Chicago foi de 6,5%, na média de USD 14,11/bu, seguindo as recentes chuvas em áreas de cultivo de soja, que trouxeram alívio para as lavouras no início do mês.
No Brasil, as cotações apresentaram alta em todas as praças durante o mês de julho. Em Sorriso, a valorização foi de 6%, para R$ 116/saca, com os preços internos acompanhando a alta em Chicago. Apesar dos estoques elevados, a melhora da demanda favoreceu a elevação dos preços. O mês de agosto, na parcial até o dia 15, segue apresentando estabilidade para os preços internos, com leve alta de 0,5%, em Sorriso, na média de R$ 116,5/saca.
Os prêmios para os contratos mais curtos voltaram ao campo positivo. Os valores permaneceram negativos durante todo o mês de julho, porém nos primeiros dias de agosto começaram um movimento de recuperação que se deve, principalmente, à redução da pressão da colheita no Brasil (encerramento) e a melhora das margens de esmagamento na China, com o crescimento das vendas de farelo no país asiático. Entre agosto e outubro, os prêmios sinalizam valores positivos sendo que, para negócios com referência em outubro, os prêmios já chegam a USD 1/bu acima de Chicago, ajudando a formar preços melhores para o produtor brasileiro.
Balanço global segue mais confortável para a safra 2023/24
Perspectiva para a produção da safra 2023/24 segue recorde, apesar de redução na projeção de agosto. A mais recente atualização do USDA para a safra global 2023/24 de soja é de uma produção de 403 MM t, aumento de 9% sobre a safra 2022/23, ou 33 MM t. O consumo segue com expectativa de crescimento de 6%. O estoque final global da oleaginosa deve aumentar 16%, para 119 MM t e a relação estoque/consumo passa dos atuais 28% para 31% (2023/24), mantendo a indicação de um balanço global mais confortável.
As exportações de soja do Brasil, de janeiro a julho, foram 20% acima do mesmo período do ano passado. Nos primeiros sete meses do ano, os embarques do grão atingiram 72,5 milhões de toneladas,sendo favorecidos pela China, que até julho, importou de todas as origens um total de 62,3 milhões de toneladas de soja, 15% a mais que no ano anterior. Segundo fontes do país, os produtores chineses de suínos atrasaram o abate dos animais devido aos baixos preços da carne, o que aumentou a demanda local por ração animal. Voltando para o Brasil, para que a projeção de 94/95 milhões de toneladas de exportação seja alcançada em 2022/23 e utilizando a segunda parcial da Secex, que aponta para uma exportação de 9,6 milhões de toneladas
em agosto, entre setembro e dezembro teríamos que embarcar umamédia de 3 milhões de toneladas/mês.
Apesar dos prêmios à vista voltarem para o positivo, para o ano que vem seguem negativos. Quando olhamos para a safra 2023/24, entre março e maio, neste momento, os prêmios variam entre cUSD/bu -60 e -75, refletindo a expectativa de uma nova grande safra brasileira da oleaginosa, comercialização 2023/24 atrasada e possível repetição dos problemas logísticos atuais, como falta de armazenagem e frete elevado. Vale dizer que anos de El Niño, normalmente, são anos de muita chuva em Paranaguá e Santos e de redução de chuvas no Arco Norte, o que coloca um ponto de observação em relação à eficiência de escoamento dos portos para a próxima safra.