Apesar do relatório de oferta e demanda, do USDA, anunciado no último dia 11/08, ter vindo com viés altista, os números divulgados estavam relativamente assimilados pelo mercado. Ao mesmo tempo, e temperando a possibilidade de altas nas cotações, o relatório sobre a qualidade das lavouras nos EUA, divulgado no dia 14/08, veio baixista. Com isso, a cotação da soja, para o primeiro mês cotado, acabou recuando em relação a semana anterior (considerando que o primeiro mês passou a ser setembro). O fechamento deste dia 17/08 ficou em US$ 13,36/bushel, contra US$ 13,52 para setembro e US$ 14,12/bushel, para agosto, indicados uma semana antes. Destacar que, enquanto o óleo de soja se mantém firme em Chicago, tendo fechado a quinta- feira (17) em 67,76 centavos de dólar por libra-peso, o farelo despencou, voltando a fechar abaixo dos US$ 400,00/tonelada curta, a mais baixa desde meados de junho.
O relatório do USDA, a respeito da safra 2023/24 nos EUA, reduziu a estimativa da mesma para 114,45 milhões de toneladas. Com isso, os estoques finais naquele país, para o ano em questão, foram reduzidos para 6,67 milhões de toneladas. A produção mundial ficou em 402,8 milhões de toneladas, em função de que a produção do Brasil e da Argentina estarem projetadas em 163 e 48 milhões de toneladas, respectivamente. Assim, os estoques finais mundiais passaram a 119,4 milhões de toneladas. As importações da China foram mantidas em 99 milhões de toneladas. Por fim, o preço médio do bushel de soja, para o produtor estadunidense, no novo ano comercial, foi elevado de US$ 12,40/bushel na projeção de julho, para US$ 12,70 neste relatório de agosto.
Por outro lado, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) apontou, em seu relatório do dia 14/08, uma nova melhora nas lavouras norte-americanas de soja. O índice das lavouras da oleaginosa classificadas como boas ou excelentes foi a 59%, contra 54% da semana anterior. Outras 29% estavam em condições regulares e 12% em condições ruins ou muito ruins. O relatório também indicou que 94% das lavouras de soja daquele país estavam em floração na data, enquanto 78% estavam com formação de vagens.
Em paralelo, na semana encerrada em 10 de agosto, os EUA embarcaram 297.797 toneladas de soja, volume que ficou próximo ao patamar máximo esperado pelo mercado. Em todo o atual ano comercial (2022/23), os embarques chegam a 51,1 milhões de toneladas, representando 8% menos do que há um ano.
Enfim, a Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA informou, nesta semana, que o esmagamento de soja naquele país foi de 4,72 milhões de toneladas no mês de julho. O volume supera as expectativas do mercado, que eram de 4,66 milhões de toneladas, e o esmagado no mês de junho, que foi de 4,94 milhões. O processamento de soja nos EUA, em julho, foi recorde para o mês e, na comparação anual, registrou um avanço de 1,8%.
E aqui no Brasil, mesmo com um câmbio trabalhando ao redor de R$ 4,98 por dólar em boa parte da semana, e os prêmios passando para o lado positivo (tomando Paranaguá como referência, entre setembro e novembro do corrente ano os mesmos estão positivos entre US$ 0,88 e US$ 0,95/bushel) os preços estabilizaram. A média gaúcha ficou em R$ 138,75/saco, enquanto as principais praças do Estado negociaram o produto a R$ 136,00/saco. Já nas demais regiões do país a soja oscilou entre R$ 110,00 e R$ 129,00/saco.
Dito isso, consultores brasileiros na área dos grãos apontam que o contrato novembro, em Chicago, ao se manter acima dos US$ 13,00/bushel ainda é bastante positivo para a nova safra sul-americana da oleaginosa. Isso porque “quando a região chegar no momento do plantio e se confirmar uma área maior a ser semeada, haverá um fator negativo sobre as cotações. O mercado estaria hoje no meio da janela entre suporte e resistência, tomando-se o mês de novembro como referência, que é o momento em que a safra estadunidense estará colhida, ou seja, entre os US$ 13,00 que é o suporte e os US$ 13,50 que é a resistência. No momento, no Brasil, a safra nova está pagando melhor do que safra passada. E o disponível está pagando menos. No disponível, ainda temos muita soja e muito milho. Temos 100 milhões de toneladas de grãos – entre soja, com 44 milhões, e milho – nas mãos dos produtores. Isso é bom porque uma boa parte está capitalizado e ruim porque vai acabar pressionando o mercado para baixo, uma hora ou outra, com essas grandes ofertas que ainda temos”.
A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário – CEEMA