O que a soja perdeu na sessão anterior recuperou nos negócios desta quarta-feira (16) e encerrou o dia com altas de 18,25 a 20 pontos na Bolsa de Chicago. O mercado foi intensificando seus ganhos, levando o contrato novembro/24 – referência para a safra americana – a US$ 13,24 e o maio/24 – referência para a nova safra do Brasil – a US$ 13,42 por bushel. Os futuros do grãos acompanharam altas fortes que se registraram também no óleo de soja, de mais de 1%.
“Os futuros da soja foram impulsionados, principalmente, pela valorização do óleo de soja, que continua subindo tanto nos EUA, quanto na China”, explica o time da Agrinvest Commodities. “O mercado americano prevê um aumento no esmagamento de soja para os próximos meses, impulsionado pela demanda aquecida e estoques apertados do óleo de soja. Esse quadro foi reforçado pela NOPA em seus números desta terça (15)”.
Os números reportados pela NOPA (Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA) nesta terça-feira (15) trazem o esmagamento de soja norte-americana em 4,72 milhões de toneladas no mês de julho. O volume supera as expectativas do mercado – de 4,66 milhões – e o esmagado no mês passado – 4,94 milhões de toneladas. O processamento de soja nos EUA em julho foi recorde para o mês e, na comparação anual, registrou um avanço de 1,8%.
De outro lado, os estoques de óleo de soja no mês passado, nos EUA, foram reportados em 1,527 bilhão de libras, abaixo da média esperada pelo mercado de 1,687 bilhão. Este é o menor volume em 10 meses e, em relação ao mesmo período de 2022, os estoques são 9,3% menores.
Com esse quadro, o contrato setembro, no óleo de soja, vai encerrando a sessão com ganho de 1,4% e 66,79 cents de dólar por libra-peso, enquanto o dezembro – contrato mais negociado agora – foi 62,85 cents, subindo 1,6%.
Ainda na análise da Agrinvest, o dólar mais fraco também deu espaço de alta às commodities de uma forma geral nesta quarta, também em uma correção depois dos negócios do dia anterior, quando o a aversão ao risco estava mais presente. Ainda na CBOT, além da soja e do óleo, também fecharam em campo positivo os preços do milho – com mais de 1% de alta, do trigo e do farelo.
No Brasil, a moeda americana cedia, perto de 15h55 (horário de Brasília), 0,23% para chegar aos R$ 4,98. Segundo explica o analista de inteligência de mercado da Stonex, Leonel Mattos, o futuro dos juros nos EUA, da economia da China e comportamento dos preços das commodities influenciam andamento do dólar não só frente ao real, mas a uma série de outras divisas. As exportações fortes do agro – especialmente as de soja – ajudam a pesar sobre a divisa americana com a entrada de mais dólares no Brasil. Tendência da moeda americana, porém, não está clara no curto e médio prazo. China exige atenção, porém, demanda por agrícolas sente menos do que por commodities metálicas.
O consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, explica que o contrato novembro mantendo-se acima dos US$ 13,00 como um suporte é bastante positivo para a nova safra da América do Sul.
“Porque quando começarmos a chegar ao plantio efetivo e houver uma área maior, esse fator vai pesar negativamente. Então, neste momento o fator safra americana ainda ajuda a segurar, mas estamos bem no meio da janela entre suporte e resistência – com o novembro que é o mais imporante agora – entre os US$ 13,00 que é o suporte e os US$ 13,50 que é a resistência”, diz.
Para o produtor brasileiro, nesta quarta, as boas altas em Chicago ajudaram a compensar a perda do dólar frente ao real, que foi mais tímida, sem comprometer tanto a formação dos preços para a soja do Brasil.
Os níveis melhores sendo praticados na CBOT, inclusive nos contratos mais longos, dão melhores chances de negócios para a safra nova do Brasil, testando até os R$ 140,00 por saca, no porto de Paranaguá, referência maio.
“No momento, a safra nova está pagando melhor do que safra passada. E o disponível está pagando menos. No disponível, ainda temos muita soja e muito milho. Temos 100 milhões de toneladas de grãos – entre soja, com 44 milhões, e milho – nas mãos dos produtores. Isso é bom porque uma boa parte está capitalizado e ruim porque vai acabar pressionando o mercado uma hora ou outra com essas ofertas grandes que ainda temos”, detalha Brandalizze.