As chuvas na região central do Brasil durante o final de outubro e início de novembro não aconteceram conforme os mapas de projeção indicavam. Havia a expectativa de volumes melhores que os registrados na primeira quinzena de outubro, quando grande parte das áreas centrais do país recebeu chuvas que ficaram entre dentro e abaixo da média para o período. Na segunda metade de outubro e nesses primeiros dias de novembro, esse padrão se repetiu, o que manteve desfavorável a condição para o avanço do plantio da soja e para o desenvolvimento das áreas já semeadas, o que gerou, inclusive, a necessidade de replantio em algumas áreas do Mato Grosso.
Com o clima desfavorável, o ritmo de plantio desacelerou em relação ao ano passado, sobretudo nas últimas duas semanas, principalmente no estado do Mato Grosso, principal produtor e responsável por cerca de 30% da oferta nacional da oleaginosa. No Brasil, segundo a Conab, o plantio está em 48,4% da área total projetada neste momento, enquanto no ano passado, nessa mesma época, a semeadura estava em 57,5%.
Ainda não dá para condenar a safra, mas é fato que à medida que o plantio vai atrasando, vai ficando cada vez mais difícil a possibilidade de uma safra de soja cheia. Os mapas do modelo americano, da NOAA, mostram chuvas abaixo da média nos próximos 15 dias sobre a maior parte da região central do Brasil, o que provavelmente seguirá impactando o avanço do plantio e colocará ainda mais pressão sobre o resultado da colheita.
Além da precipitação menor que a média no curto prazo e temperaturas muito elevadas, o que também está chamando a atenção neste momento é que os mapas de previsão mostram essa irregularidade climática sobre a região central do Brasil avançando para os meses de dezembro e janeiro, com o modelo americano (CFSv2) apontando chuvas abaixo da média.
No caso da soja, nas últimas safras, o atraso no plantio não necessariamente significou prejuízo para a produtividade. Porém, dado o contexto climático atual e o projetado, o risco para a safra de soja do Brasil aumentou bastante nas últimas semanas. Sem falar que, cada vez mais, a conjuntura atual vai apontando para um cenário mais complexo para o milho segunda safra, que tende a seguir a direção de redução de área e produção para 2023/24.