Os futuros da soja aceleram suas baixas na Bolsa de Chicago, acompanhando as perdas de mais de 2% do farelo no início da tarde desta quarta-feira (13). As cotações do derivado, por volta de 12h30 (horário de Brasília), perdiam de 1,5% a 2,02% entre as posições mais negociadas, com o janeiro valendo US$ 402,00 por tonelada curta e o março, US$ 393,80/ton. No mesmo momento, os preços do grão cediam entre 15,50 e 16 pontos, levando o janeiro a US$ 13,08 e o maio a US$ 13,40 por bushel.
As mudanças na Argentina estão no foco do mercado de derivados nesta semana com as primeiras medidas que começam a ser tomadas por Javier Milei, presidente que tomou posse no dia 10 de dezembro, último domingo. No início do pregão desta quarta, o peso argentino cedeu expressivos 54,24% após o novo governo anunciar um aperto fiscal forte para combater a inflação, além de outras medidas já anunciadas.
“O dólar a 800 pesos é o valor mais alto desde o fim da conversibilidade”, quando a paridade do peso era de um para um em relação ao dólar, na década de 1990, disse o analista Salvador Vitelli à agência de notícias Reuters, observando que a desvalorização “é um pouco maior do que o mercado esperava”.
Também à Reuters, a consultoria Capital Economics projetou que “a Argentina precisa promover uma taxa de câmbio flexível e confiável. Manter a flutuação cambial em um contexto de inflação crescente resultará novamente em uma taxa de câmbio supervalorizada em pouco tempo. Isso prepararia a Argentina para outra grande – e potencialmente desordenada – desvalorização no futuro”.
“Ontem e hoje o mercado está reagindo, ou tentando antecipar, como será o farmer selling na Argentina. Pelo movimen do farelo hoje vai ser grande. Ontem, Milei anunciou uma desvalorização de 118% do peso oficial, de 366 para 800”, explicao analista de mercado da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin. “Para as processadoras no Brasil, o ano vai ser bem difícil. A Argentina está pressionando muito os prêmios do óleo de soja”.
Vanin complementa explicando que “o farmer selling da soja está mais condicionado à diferença entre o oficial e o bluse do que o câmbio nominal. Como o spread fechou, o mercado já precifica que o produtor argentino possa vir mais pesado para a venda”.
Além da Argentina, o mercado do complexo soja também mantém forte o seu foco sobre as condições de clima na América do Sul, ainda bastante adversas principalmente para o Brasil. “A previsão para os próximos sete dias no Brasil não é boa. A chuva ficou para frente e o calor vai ser intenso. Até a próxima quinta-feira, as temperaturas podem passar dos 40ºC durante a tarde em toda a parte do Brasil Central”, complementa o analista da Agrinvest.
Já para os próximos 10 dias, de acordo com o modelo americano, os volumes de chuvas já sinalizam melhoras, porém não de forma generalizada. “O GFS indica acumulados moderados a fortes no oeste da BA, na maior parte de MG, centro-oeste do RS e pontualmente no noroeste do MT. Leves acumulados no restante do MT, GO, TO, PI, sul e nordeste do MA, leste da BA, nordeste do MS, leste de SC, centro-sul do PR e centro do RS”, segundo informa o Grupo Labhoro.