O mercado da soja segue operando no vermelho e com baixas expressivas no pregão desta terça-feira (27) na Bolsa de Chicago. As cotações cediam de 19,75 a 27,25 pontos nos principais vencimentos, levando o agosto a US$ 13,97 e o novembro a US$ 12,96 por bushel, refletindo previsões melhores de chuvas para os Estados Unidos nos próximos dias.
Os mapas atualizados seguem indicando a chegada de melhores precipitações nos próximos dias no Meio-Oeste americano, dando espaço ao movimento de realização de lucros que se observa na CBOT, em especial depois de um ganho de quase 20% no acumulado deste mês pelos futuros da oleaginosa.
“Daqui ao dia 2, não há muitas chuvas, mas as temperaturas mais amenas. A partir dos dias 2, 3 de julho, sobem as temperaturas, mas acompanhada de chuvas”, explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities. Estados como Indiana, Illinos, Iowa, Nebraska, deverão receber volumes bem melhores de chuvas, as quais deverão ser muito bem-vindas ao se confirmarem, uma vez que é justamente nesta porção do cinturão onde as lavouras têm sofrido mais com as adversidades.
Vanin destaca, inclusive, que ontem o mercado nem mesmo deu espaço à informação trazida ontem pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de uma nova piora na condição das lavouras americanas de soja.
O USDA diminuiu o percentual de soja em boas ou excelentes condições de 54% para 51%. O número veio em linha com a expectativa do mercado, porém, fica longe do meso período do ano passado, quando eram 65%. O departamento informou ainda que 35% das lavouras estão regulares e 14% em condições ruins ou muito ruins.
“O mercado vinha fazendo um paralelo deste ano com 2012 (quando se registrou uma das piores secas dos EUA e uma quebra expressiva da safra americana), porém, descartou essa queda porque a partir da semana que vem, tudo pode mudar e para melhor. Se essas chuvas realmente acontecerem, veríamos uma estabilização da condição das lavouras e até uma recuperação”, afirma o analista da Agrinvest.
Com isso, as baixas entre os preços não se limita apenas para a soja, mas se estende e é ainda mais agressiva entre os futuros do milho, que perdem mais de 4% na Bolsa de Chicago na tarde desta terça-feira. As baixas nos contratos mais negociados do cereal variam de 25,50 a 26 pontos, levando o setembro a US$ 5,58 e o dezembro a US$ 5,62 por bushel.
A volatilidade intensa e as oscilações muito fortes entre os preços na CBOT – para cima e para baixo – são, como sabido, uma marca muito forte do mercado climático norte-americano e, neste ano, com sinais de alerta bastante expressivos, não é diferente. Todavia, há tempo para uma recuperação nem que seja ao menos parcial dos campos de soja e milho do Estados Unidos.
“Em conversa com um produtor de Illinois, na semana passada, ele me relatou que sua plantação de milho parece uma plantação de abacaxi. Inclusive, em algumas regiões, já tem milho pendoando com esse estresse. O último fim de semana trouxe chuvas, mas que não salvam a lavoura. E em função delas, é possível que as lavouras melhorem ou se mantenham estáveis. Esperamos pelo relatório (de condições de lavouras pelo USDA) da semana que vem”, afirma o consultor de mercado Aaron Edwards, da Roach Ag Marketing.
Edwards explica ainda que para que os Estados Unidos possam alcançar uma safra de milho mediana seria preciso o índicede lavouras em boas ou excelentes condições subir 19%, passando dos atuais 50% para 69%, portanto. No caso da soja, o incremento teria de ser de 15%, chegando a 66%.
“Minha opinião continua sendo de que a safra norte-americana não terá uma quebra, mas será abaixo da média. De olho na lavoura, de olho no mercado”, diz o consultor norte-americano.