O mercado brasileiro de soja registrou, nesta quinta-feira (5), um dia de estabilidade a leves altas para os indicativos de preços no balcão e nos portos. O dólar voltou a subir, testou os R$ 5,17 e segue como um dos mais importantes pilares de suporte às cotações da oleaginosa nacional. “Isso foi uma mistura de Chicago virando para o positivo e o dólar ainda em alta”, explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. Os preços testaram até R$ 1,00 por saca a mais em relação ao dia anterior no físico.
Nos principais terminais, os indicativos também se mantiveram em patamares e estáveis a ligeiramente mais altos, porém, os negócios ainda são tímidos. A maior concentração de energia do produtor tem se dado mais sobre a evolução do plantio 2023/24, do que efetivamente sobre a comercialização.
Em Paranaguá, a soja disponível fechou o dia com R$ 142,00 e o novembro com R$ 143,50 por saca, ambos estáveis. Em Rio Grande, foram R$ 153,00 no disponível e R$ 155,00 para novembro. No terminal de Santos, a referência para março/abril de 2024 subiu 2,22% para R$ 138,00 por saca.
“Este ano é um ano de produtividade e de ser muito responsável para dar melhor resultado ao produtor. As margens de comercialização estão muito apertadas. Então, é um ano de mais cautla na comercialização e trabalhar bastante para ter altas produtividades”, afirma o consultor em agronegócios, Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
BOLSA DE CHICAGO
Na Bolsa de Chicago, os futuros da oleaginosa terminaram o dia com altas de 4,75 a 7,75 pontos, levando o novembro a US$ 12,80 e o maio a US$ 13,25 por bushel. O mercado acompanhou uma nova disparada do trigo – de mais de 3% – com os futuros do cereal encerrando o dia com altas de 18 a 18,75 pontos. Assim, o dezembro fechou o dia com US$ 5,78 e o maio com US$ 6,25 na CBOT.
Um severo ataque russo a uma loja e a um café em uma vila no nordeste da Ucrânia deixou, pelo menos, 51 mortos nesta quinta-feira (5), promovendo mais uma escalada na guerra entre os dois países. Trata-se do ataque mais mortal da Rússia, que aconteceu na região de Kharkiv, com o maior número de vítimas entre civis desde o início do conflito, há 19 meses.
A notícia promoveu efeitos instantâneos no mercado de grãos, em especial o de trigo. Além deste ataque, no final da manhã de hoje foram registrados ainda novos ataques em portos da Ucrânia – logo na sequência das atividades serem retomadas no porto de Odessa – e outros dois, durante a madrugada, nas regiões de Kiev e Kherson, no sul do país.
“Esta região fica próxima dos portos ucranianos do Mar Negro, o que aumenta os riscos de navegação das embarcações que estão tentando retomat suas operações nos portos de grande calado em Odessa, minando as chances de que o corredor humanitário alternativo que a Ucrânia está tentando estabalecer, tenha algum sucesso”, explicam os analistas de mercado da Agrinvest Commodities.
A consultoria complementa dizendo ainda que “surgiram rumores de que um navio de carga com bandeira turca foi atacado nesta manhã por uma mina aquática, próxima da entrada do Canal de Sulina. Não foram relatados feridos na tripulação, porém, isso acende ainda mais o alerta sobre os riscos de navegação na região de conflito”.
Entre os derivados da soja, os futuros do farelo acompanhavam o movimento positivo e marcavam um avanço de mais de 1%, com o contrato dezembro sendo cotado a US$ 377,20 por tonelada curta.
“Se confirmado esse fato (do ataque aos portos), empresas de seguro e de navegação repensarão nos custos e ofertas de barcos naquela região. Logo, é possível aceitar a mudança de demanda para os EUA e, por este pensamento, os preços já subiram na bolsa”, explica o analista de mercado Mario Mariano, da Novo Rumo Corretora.