Durante a Bahia Farm Show, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) reuniu-se com a MSC, Wilson Sons e o Tecon – terminal portuário de Salvador – para discutir estratégias de exportação do algodão pelo Porto de Salvador. A iniciativa visa criar uma rota para que o algodão do Nordeste brasileiro seja exportado direto para a Ásia, via Porto de Salvador, reduzindo a dependência do Porto de Santos.
Conduzido pelo presidente Luiz Carlos Bergamaschi e a vice-presidente Alessandra Zanotto, o encontro destacou a vantagem da redução significativa do percurso de transporte da fibra do Oeste da Bahia até o porto de Salvador, de 900 km, em comparação aos 1.600 km até Santos. De acordo com Bergamaschi, ainda existem gargalos em relação ao frete marítimo. Ele destacou a necessidade de um alinhamento estratégico para que a operação se torne viável, com diferenciais de custos, que justifiquem a mudança de rota. “Nós temos produto, transporte, tradings, todos reunidos em um só destino, uma só via, vamos unir os esforços e buscar a viabilização desta operação logística”, disse.
Durante o encontro, foi apresentado um estudo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), encomendado pela Abapa, que analisa as alternativas logísticas para exportação de algodão do Matopiba. Os resultados demonstraram que os custos domésticos são menores por Salvador do que por Santos. Em relação aos custos do porto de Salvador também é bem competitivo. Porém, quando se compara o custo do frete marítimo na rota atual para a Ásia, passando pela Europa, há uma desvantagem competitiva do porto de Salvador em relação ao de Santos na ordem de 25%.
“É este diferencial que precisa ser revisto para viabilizar a exportação por Salvador. Então, é fundamental que as tradings entendam a importância de utilizarmos mais este porto. A maioria dos produtores vê com bons olhos a nova rota, mas ainda é preciso um alinhamento com as tradings que negociam o algodão”, explicou a vice-presidente Alessandra Zanotto.
Uma das propostas da reunião foi agendar um encontro com as tradings companies para viabilizar a consolidação da nova rota. Representantes da MSC destacaram que o Porto de Salvador está preparado para receber os maiores navios indicados para o transporte, ressaltando que, em 2023, inicialmente o número de contêineres enviados por semana para a China era de mil unidades, aumentando gradativamente até 2.800 contêineres, o que demonstra a viabilidade da nova rota.