Durante oito dias, um grupo de 12 brasileiros participou de um intercâmbio técnico-comercial realizado pela Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) no Egito e na Turquia. Com o objetivo de aperfeiçoar o diagnóstico da indústria têxtil egípcia e estreitar laços com os industriais turcos, a “Missão Egito-Turquia” terminou neste final de semana com saldo positivo.
“Confirmamos que o mercado egípcio precisa do algodão brasileiro para complementar o mix de fibras usado pelas fiações e que a qualidade da nossa pluma é reconhecida pelos egípcios. Por outro lado, os industriais turcos nos deram importantes feedbacks mostrando já os primeiros resultados do nosso programa de certificação da etapa de logística do algodão brasileiro”, analisou o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel.
A “Missão Egito-Turquia” integra o calendário de ações do Cotton Brazil, iniciativa da Abrapa que representa a cadeia produtiva do algodão brasileiro em escala global. O Cotton Brazil é realizado em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e apoio da Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea).
A comitiva brasileira visitou o grupo Bidewi, em Alexandria – primeira fiação egípcia a importar algodão do Brasil. E o feedback foi positivo. “O algodão brasileiro se destacou quanto ao rendimento operacional e à qualidade da fibra em relação a outros países. A palavra-chave é complementariedade, porque, além da fibra longa egípcia, a indústria têxtil também precisa de fibras médias”, contextualizou Schenkel.
A agenda no Egito incluiu uma visita técnica ao Agriculture Research Center (Centro de Pesquisa Agrícola) – órgão equivalente à Embrapa brasileira. Lá, a comitiva discutiu formas de cooperação técnica quanto à tecnologia de produção, com foco em melhoria genética para qualidade da fibra. Já na Holding Company, empresa estatal que hoje é a maior compradora de algodão do Egito, a pauta girou em torno de parcerias comerciais.
Cotton Brazil Outlook. Tanto no Egito quanto na Turquia, a Abrapa realizou edições do seminário “Cotton Brazil Outlook”, em que o diretor de Relações Internacionais, Marcelo Duarte, mostrou o status da safra 2023/2024 e perspectivas futuras. A palestra enfatizou também os principais ativos do algodão brasileiro, com destaque para o índice de mais de 80% de certificação socioambiental da safra nacional.
No Cairo, capital do Egito, o evento reuniu cerca de 70 industriais, executivos e investidores. A introdução coube ao embaixador do Brasil na cidade, Paulino Franco, que ressaltou a importância da abertura do mercado egípcio para o algodão brasileiro – que começou em janeiro de 2023. “Uma das ações da embaixada tem sido construir condições para que esse comércio seja cada vez mais aproveitado”, pontuou. O presidente da Anea, Miguel Faus, traçou um panorama das tendências mundiais para a logística do mercado de algodão, com destaque para os preços de frete.
Na Turquia, o seminário foi realizado na cidade de Antalya para um público de 60 profissionais, industriais, agentes e traders. O evento abriu espaço para a troca de informações e feedback dos importadores. “Um dos pontos altos foi ouvir que melhoramos a qualidade de condicionamento dos fardos de dois anos para cá, pois vimos na prática os primeiros efeitos do programa de certificação ABR-LOG, da Abrapa”, destacou Alexandre Schenkel.
O ABR-LOG é um protocolo de certificação desenvolvido pela Abrapa em parceria com a Anea de forma específica para os terminais logísticos que exportam algodão. Criado em 2022, ele inclui 127 itens de avaliação – entre critérios socioambientais e, principalmente, operacionais, visando garantir que os fardos cheguem ao destino sem avarias, danos físicos ou sujeira.
Números – No ciclo 2022/23, a importação egípcia de algodão brasileiro foi de 99,5 toneladas. De agosto de 2023 a março de 2024, esse volume já soma 8.521 toneladas – 85 vezes mais que nos 12 meses do ano comercial anterior.
Já a Turquia foi o quinto maior importador mundial de pluma na temporada 2022/23, comprando 165 mil toneladas de algodão brasileiro. Esse volume permitiu ao Brasil um market share de 18% sobre o total.