As tensões em Douradina no Mato Grosso do Sul ganharam novos capítulos neste último final de semana diante das relações conflituosas entre indígenas e produtores rurais.
Diversas notícias veiculadas na imprensa nesta segunda-feira (05) deram conta de que “homens armados, apoiados por fazendeiros em caminhões e tratores, atacaram indígenas que reivindicam terras ferindo 11 deles. Cinco das 10 pessoas feridas no sábado foram levadas a um hospital para serem tratadas de ferimentos causados por tiros e balas de borracha como resultado do primeiro ataque em Douradina”, reportou a Agência Reuters.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o Produtor Rural e Membro do Sindicato Rural de Douradina/MS, Vanderlei Oliveira, contou como se desenrolaram os eventos do último domingo (04).
“O Procurador Marco Antônio Delfino foi conversas com os indígenas para acalmar os ânimos e evitar novas invasões. Os agricultores levaram as demandas de que os indígenas retornassem 15 metros para trás, voltando à área que já estava em reintegração de posse, e que eles ocupam desde 2011. Assim acabava o conflito e todos voltariam para casa”, diz.
Segundo o relato de Oliveira, neste momento, os indígenas pegaram uma corda com cerca e avançaram em direção à sede da fazenda invadida, causando grande confusão e correria, especialmente em mulheres e crianças que estavam no acampamento dos produtores no domingo.
“As mulheres e crianças se refugiaram na sede. Um representante dos Direitos Humanos conversou com os indígenas e parte do grupo retornou, mas outra parte se abrigou na mata, escondidos de todos”, conta o produtor.
Momentos depois, conforme afirma Oliveira, os indígenas entoaram cânticos e avançaram em direção aos produtores, saindo da mata e atacando por trás do acampamento.
“Os homens que restavam por lá se defenderam, arrancaram a cerca e empurram os índios de volta para o local de começo. Nesse momento havia Delegado da Polícia Federal e cerca de 10 viaturas no local, a polícia entrou dando tiros com balas de borracha”.
Vanderlei conta que vários produtores ficaram feridos neste confronto generalizado, mas muitos tem medo de se identificar. “A polícia estava pegando documentos, tirando fotos dos veículos para monitorar todos. Vários ficaram feridos, mas não se identificam com medo de represarias. Estamos com mais medo das instituições brasileiras do que dos próprios indígenas”, afirma.
Oliveira e os demais produtores rurais seguem na localidade acompanhando a situação, com a promessa da presença de mais autoridades para mediar os conflitos nos próximos dias.