Os preços da soja fecharam o pregão desta sexta-feira (18) com baixas de quase 2% na Bolsa de Chicago, tendo intensificado seu movimento de queda ao longo de todo o dia. Assim, as posições mais negociadas finalizaram o dia com perdas de 13 a 18,75 pontos nos contratos mais negociados, levando os primeiros vencimentos a perderem o patamar dos US$ 10,00 por bushel, com o novembro finalizando a semana em US$ 9,70. O maio/25, referência para a safra brasileira, foi a US$ 10,11 por bushel.
“A melhora do clima no Brasil, com o retorno das chuvas para a faixa central do país e a intensificação do plantio da soja também contribuiu para este cenário mais baixista, o que levou a soja a renovar suas mínimas de dois meses nesta semana”, informaram os analistas e consultores de mercado da Agrinvest Commodities.
Além de as previsões indicarem volumes melhores e precipitações mais abrangentes nas próximas semanas, o mercado vem acompanhando também a confirmação delas em diversas regiões importantes na produção de soja do Brasil, em especial em Mato Grosso, maior estado produtor da oleaginosa. Números reportados pelo Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) nesta sexta-feira informam que o plantio da oleaginosa avançou e alcançou 25,08% da área prevista.
“Esse progresso está ligado à maior distribuição de chuvas na maior parte do estado, o que permitiu aos produtores avançarem nas áreas”, afirmaram os especialistas do Imea. Ainda assim, eles destacaram que mesmo com o progresso de 16,27 pontos percentuais em relação à semana passada, os trabalhos de campo ainda estão atrasados.
“O percentual está atrasado em 34,92 p.p. em relação à safra passada e 19,32 p.p. no comparativo com a média dos últimos cinco anos, sendo o menor volume semeado no período nos últimos três anos”, complementou o instituto.
No cenário nacional, os números também melhoraram. Os dados atualizados da Pátria Agronegócios apontam que o plantio nacional da soja chegou a 17,83% da área, contra 9,3% da semana anterior. Há um ano, o número era de 30,24%; em 2022 de 37,60% e a média dos últimos cinco anos é de 30,31% para este período do ano.
“O progresso nacional ainda está lento em relação a média e aos anos anteriores, porém nesta próxima semana os trabalhos de campo deverão ganhar ritmo com a chegada das chuvas generalizadas no Centro do país”, traz a análise da Pátria.
Os números vão confirmando a boa melhora no ritmo da semeadura, e os mapas sinalizando a chegada de mais chuvas. “A faixa central do Brasil apresenta várias áreas de instabilidade que devem se transformar em boas chuvas ao longo do fim da semana. Os modelos climáticos americano e europeu convergem para essas precipitações, com variações no volume acumulado”, informa a Agrinvest Commodities.
Uma nova sessão de baixas fortes para o petróleo pesou também para os futuros do óleo de soja, os derivados encerraram o dia com baixas de quase 2% e contribuíram para a perda intensa do grão em Chicago. O farelo também fehcou a sexta-feira no vermelho, bem como o trigo, que despencou diante de condições mais favoráveis de clima na região do Mar Negro.
“Nos últimos dias, a Rússia vinha enfrentando regiões mais secas, o que impactou suas safras de trigo, gerando inclusive uma redução de 1 milhão de toneladas na produção do país. Porém, apesar desse fator, os preços ainda caíram, porque a Rússia impôs uma tarifa de 41% nas exportações de trigo e estabeleceu um piso de preço de $250 por tonelada, o que, por sua vez, diminuiu a demanda pelo trigo russo”, afirmam os analistas da Royal Rural.
Ao mesmo tempo, o dólar marcou um novo dia de altas e deve encerrar a semana na casa dos R$ 5,70, sendo este mais um fator de pressão para as cotações da soja na Bolsa de Chicago. Por outro lado, a moeda americana em alta favorece a formação dos preços no mercado brasileiro, o qual já tem apoio também entre os prêmios.
Ainda assim, como afirmou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, poucos novos negócios foram efetivados no mercado brasileiro nesta semana. Apenas 200 mil toneladas de soja da safra velha e 200 mil toneladas da safra nova comercializadas, o que é considerado um volume pequeno, segundo ele, ainda refletindo a insegurança do produtor, em especial, sobre o futuro das lavouras 2024/25, ainda acompanhando com cautela a chegada das chuvas.