Brasil eleva exportações para os EUA de insumo para biocombustíveis

Compras americanas de sebo bovino, uma forma de gordura residual usada na produção de diesel renovável, subiram 377% nos primeiros quatro meses de 2024 na base anual

O Brasil está colhendo os benefícios de um crescimento do setor de biocombustíveis nos Estados Unidos, o que afeta os agricultores americanos ao fornecer ao mercado com uma commodity pouco conhecida que pode ser usada para produzir combustíveis renováveis.

As compras americanas de sebo bovino brasileiro, uma forma de gordura residual, aumentaram 377% nos primeiros quatro meses de 2024 em relação ao ano anterior. O Brasil foi responsável por quase todo o aumento de 40% nas remessas totais de sebo para os EUA no período.

Os fabricantes de combustíveis dos EUA, incluindo a Diamond Green Diesel e a Marathon Petroleum têm se voltado para o exterior em busca de matérias-primas mais baratas que ajudarão a aumentar suas margens.

O diesel renovável produzido a partir de gordura residual ou óleo de cozinha usado tem uma pontuação de carbono mais baixa do que o óleo de soja e, portanto, recebe créditos fiscais mais altos na Califórnia, onde grande parte do diesel verde dos EUA é consumida atualmente.

“Enquanto as regras estiverem como estão, essas empresas de biocombustíveis usarão o que for mais barato”, disse John Baize, analista independente que também assessora o Conselho de Exportação de Soja dos EUA.

Um crédito fiscal federal maior também entrará em vigor no ano que vem. O sebo e óleo de cozinha usado costumam ser matérias-primas mais lucrativas do que o óleo vegetal feito com soja dos EUA.

O Brasil está capitalizando os incentivos à energia limpa para emergir como o maior fornecedor de sebo dos EUA atualmente. Até há alguns anos, não havia quase nenhuma exportação dos produto aos EUA.

O aumento das importações exacerbam uma situação desafiadora para os agricultores e as empresas agrícolas. A Bunge Global, a Archer-Daniels-Midland e outras têm contado com o aumento da demanda por matérias-primas para o diesel verde, mas a concorrência das importações estrangeiras tem corroído os lucros e colocando em risco os planos de expansão.

O sebo, usado em uma variedade de produtos, de ração para animais de estimação a sabão, é abundante no Brasil, que abate mais animais de corte do que qualquer outro país, exceto a China.

O Brasil raramente exportava sebo até 2022, quando a Darling Ingredients, sediada em Irving, no Texas, concordou em comprar o Grupo FASA, a maior empresa independente de processamento do Brasil.

Desde então, a FASA se tornou fornecedora de gordura residual para a Diamond Green Diesel, um empreendimento de biocombustível entre a Darling e a Valero Energy.

“O sebo brasileiro foi incorporado ao mix de matérias-primas para biocombustíveis dos EUA, em parte devido à integração da FASA pela Darling Ingredients”, disse Brett Gibbs, analista da Bloomberg Intelligence.

O total de importações de sebo dos EUA quadruplicou desde 2019, atingindo um recorde de 779.300 toneladas métricas em 2023, de acordo com dados de comércio do governo dos EUA.

O Brasil, que respondeu por cerca de 23% dos embarques no ano passado, viu sua participação saltar para 40% nos primeiros quatro meses do ano.

O mercado americano de material para biocombustível também tem sido atendido por remessas recordes de óleo de cozinha usado, principalmente da China, o que levou um grupo de esmagadores de soja a pressionar por um aumento nas tarifas de importação.

Por: Gerson Freitas Jr, Tarso Veloso e Kim Chipman Fonte: Bloomberg

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