O último relatório da Cecafe mostrou números mais altos de exportação em maio, confirmando a tendência contínua das exportações brasileiras. O total de embarques (café verde, torrado e solúvel) no mês passado foi de 4,39 M scs, um aumento de 79,6% em relação a 2023 e de 3,2% em relação a abril/24.
“As exportações de café verde subiram ainda mais: 90,2% a mais em relação ao ano anterior, para 4,03 M scs. Destas, o arábica respondeu por 3,16 M scs, enquanto o conilon respondeu por 868 mil scs, 59,1% e 559% (ou 7 vezes) acima de maio/23, respectivamente. Em relação a abril/24, o arábica apresentou uma ligeira queda de 2,5%, enquanto o robusta subiu 26,7%. O aumento da demanda mundial por robusta tem sido um fator fundamental para o crescimento subsequente das exportações nos últimos meses”, diz Laleska Moda, analista de Café da Hedgepoint Global Markets.
Os embarques de maio também foram responsáveis por gerar a maior receita mensal de toda a série histórica do Cecafe, com US$ 1,017 bilhão. O Conselho destaca que, faltando apenas um mês para o final da temporada comercial 23/24 (jul-jun), as exportações estão a apenas 2 M scs de bater o recorde da safra 20/21 (45,7 M scs).
Segundo a analista, “os dados de exportação reforçam o papel do Brasil como principal fornecedor de café no mundo e sua importância no lado do robusta, à luz das recentes quedas nos embarques do Sudeste Asiático”.
“A partir do final de 2023, observamos um aumento das exportações brasileiras em relação aos embarques da Indonésia e Vietnã. Nos primeiros cinco meses de 2024, as exportações brasileiras já são 35% maiores que as exportações indonésias e vietnamitas juntas”, destaca.
Em relação a este último, os dados do governo do Vietnã mostraram esta semana que o país exportou 1,32 M scs de café em maio, menos 47,8% do que em abril e menos 47% do que no ano anterior. O número também está bem abaixo da média histórica para o mês (-43,2%).
“Mesmo com os números elevados das exportações em dezembro e janeiro, os embarques vietnamitas de 23/24 (outubro-maio) ainda estão 3,3% abaixo dos de 22/23, tendência que pode continuar no próximo mês, dada a menor produção”, acredita.
Este cenário também ajudou a evitar maiores quedas de preços após os dados brasileiros mais baixistas O mercado está acompanhando de perto o desenvolvimento da colheita de 24/25 no Vietnã, uma vez que a precipitação em 2024 está abaixo dos níveis históricos e pode afetar a produção.
“Por último, do ponto de vista macroeconômico, os dados positivos do IPC desta semana e a decisão da FED de manter as taxas inalteradas em 5,25%-5,50% e de reduzir a taxa para um corte em 2024 poderão ter um impacto nos preços das matérias-primas nos próximos dias, especialmente em relação ao dólar”, conclui.
Em resumo, as exportações brasileiras continuam fortes em maio, especialmente as de café verde, que já são 90% superiores às do ano passado. Enquanto os embarques de arábica continuam a crescer – dado o aumento do uso pelos torrefadores o estreitamento da arbitragem entre NY e LN – o conilon é a estrela do show!
A redução dos embarques da Indonésia e do Vietnã reforçam a procura por grãos brasileiros. No caso do Vietnã, as exportações de maio diminuíram drasticamente, destacando a disponibilidade restrita.
A oferta restrita no Sudeste Asiático também limitou as perdas de preços nos últimos dias e pode permanecer no radar do mercado durante a colheita no Brasil, já que as chuvas no Vietnã ainda estão em níveis historicamente baixos. Por outro lado, a perspectiva de somente um corte de juros pelo Fed este ano pode ter um impacto negativo no mercado de commodities.