SÃO PAULO (Reuters) – As exportações de café verde do Brasil atingiram 3,297 milhões de sacas de 60 kg em junho, um crescimento de 43,8% na comparação anual e marcando um novo recorde para o mês, na esteira da crescente demanda pelo grão brasileiro e apesar de problemas logísticos persistentes, disse nesta quarta-feira o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Os embarques totais, que incluem o café solúvel e industrializado, avançaram 35,7% em relação a junho do ano passado, para 3,573 milhões de sacas, um volume também recorde para o período, segundo dados do Cecafé.
“Do lado bom, o Brasil, com uma safra melhor, após dois ciclos de colheita menor, ampliou seu market share no comércio global, ocupando espaços deixados por oferta reduzida de outros produtores, como Indonésia e Vietnã, principalmente com o conilon e o robusta nacionais”, destacou o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.
As exportações de café verde arábica somaram 2,48 milhões de sacas em junho, alta de 20,3%, enquanto as de robusta saltaram 254,5%, para 817,83 mil sacas.
Com isso, o Brasil fechou a safra 2023/24 com embarques totais de café de 47,3 milhões de sacas, um volume recorde e 3,6% maior que a máxima histórica anterior de 45,675 milhões de sacas no ciclo 2020/21.
Em receita, as exportações brasileiras da commodity subiram 20,7% nos últimos 12 meses encerrados em junho passado. O valor saltou de 8,142 bilhões de dólares na temporada 2022/23 para os atuais 9,826 bilhões de dólares. Essa cifra é a maior na história do levantamento das exportações brasileiras de café, iniciado em 1990, apontou o Cecafé.
O presidente do Cecafé ressaltou, porém, que os exportadores continuam enfrentando “intensos gargalos logísticos”, com problemas no exterior devido à permanência de conflitos geopolíticos e, internamente, com o esgotamento do Porto de Santos, “o que tem gerado altos custos adicionais e imprevistos aos exportadores”.
Conforme números do Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 254 navios destinados à exportação de café sofreram atrasos ou alterações de escala nos portos brasileiros em junho, o equivalente a 62% dos 413 porta-contêineres movimentados no mês passado.
Somente em Santos, foram 118 embarcações que tiveram atraso no processo de embarque, ou 82% do total.
O Porto de Santos segue como o principal ponto de exportação de café do Brasil, tendo embarcado em 23/24 68,9% de todo o volume comercializado.
Apesar disso, o percentual registrado na última safra é o menor da história, “o que evidencia o seu esgotamento e sinaliza mais dificuldades para o segundo semestre, quando aumentam as exportações de cargas conteinerizadas”, disse o Cecafé.
(Por Letícia Fucuchima)