- Os contratos de café dispararam semana passada na LN, com o contrato de setembro se aproximando de níveis recorde na terça-feira (09) a US$4.634/Mt. Embora os preços tenham sofrido uma correção no dia seguinte, setembro manteve-se acima dos US$4.500/Mt.
- O principal suporte para este movimento é a perspectiva de oferta apertada no principal produtor de robusta, o Vietnã, depois de os dados de exportação de junho do país terem mostrado uma redução de 11,5% em relação a maio, para 1,17 milhões de sacas.
- A queda nas exportações apenas ressalta a baixa disponibilidade de robusta, especialmente considerando que ainda faltam alguns meses para o início da safra 24/25 no país asiático, com um volume mais significativo de grãos provavelmente chegando ao mercado apenas no final do ano.
- As perspectivas de redução da oferta de robusta também estão dando suporte aos preços do arábica. Em NY, o contrato de setembro do arábica também se aproximou de seus níveis mais altos em quase 2 anos e meio na terça-feira.
- Os recentes receios de níveis mais baixos de produção no Brasil também dão suporte aos preços do arábica. Mesmo com os fortes números de exportação em junho, ainda há preocupações sobre o efeito de uma peneira e rendimento mais baixos na oferta brasileira em 24/25.
Em relatório da Hedgepoint Global Markets, a analista de Café, Laleska Moda, aborda os preços do Robusta, que subiram na semana passada em Londres: “o contrato de setembro fechou terça-feira (09) a US$4.634/mt, depois de se aproximar dos níveis recorde de US$4.681/mt. O impulso veio após a divulgação dos números de exportação do Vietnã de junho. Os embarques totais do país asiático atingiram 1,17 M scs de café no mês passado, uma queda de 11,5% em relação a maio e de 53,2% em relação a junho/23”, explica a analista.
“O fraco desempenho das exportações também aumenta a percepção de baixos níveis de estoque no principal produtor de robusta, especialmente porque a colheita da safra 24/25 normalmente começa apenas entre outubro e novembro, com um volume maior de grãos vietnamitas previsto para chegar ao mercado apenas no final de 2024”, diz.
Além disso, ainda existem preocupações quanto ao efeito do tempo seco e quente no início deste ano sobre a produção total do Vietnã na temporada 24/25. Esta menor disponibilidade prevista tem segurado as vendas e pode levar a menores números de exportação nos próximos meses, com os nossos modelos sugerindo uma diminuição das exportações em 23/24 no Vietnã, para perto de 26 M scs.
“Diante desse cenário, embora tenha havido uma correção esperada nos preços na quarta-feira (10), os contratos ainda terminaram a semana acima de US$ 4.500 / mt, apoiados pelas perspectivas de oferta apertada de robusta nos próximos meses”, observa.
“Quanto ao arábica, os preços seguiram os movimentos do robusta, com o contrato de setembro testando o nível de 250 c/lb. Por um lado, o déficit de robusta está impulsionando o consumo de arábica. Por outro lado, ainda há preocupações sobre a safra 24/25 no Brasil, devido à menor peneira e rendimento desde o início da safra, tanto para o arábica quanto para o robusta. Embora tenha sido registado uma melhoria do tamanho da peneira em algumas regiões, a produção ainda pode ser inferior à inicialmente prevista”, acredita.
No entanto, mesmo uma ligeira diminuição na produção brasileira pode levar a um défice global ainda maior em 24/25 – os nossos modelos já indicam um pequeno défice global na temporada. Assim, não é surpresa que, após a correção de quarta-feira (10), os preços tenham recuperado, mesmo após a divulgação dos dados sobre as exportações do Brasil.
“Os embarques totais de café verde encerraram junho em 3,29 M scs, de acordo com a Cecafe, um aumento de 43,8% em relação a junho/23 e um novo recorde para o mês, mesmo com os problemas logísticos em andamento. As exportações de arábica verde foram de 2,48 M scs, um aumento de 20,3% em relação ao ano anterior, enquanto as exportações de conilon atingiram 817,83 mil sacas, 3,5 vezes mais que os números de junho/23 (ou 254,5%)”, destaca.
Segundo Laleska, o aumento dos embarques de conilon reflete o aumento da demanda por grãos brasileiros em meio à queda das exportações do Vietnã e da Indonésia e provavelmente permanecerá acima dos níveis históricos nos próximos meses, dados os estoques limitados no Sudeste Asiático.
Em resumo, o mercado do café esteve agitado nos últimos dias, com os preços do arábica e do robusta altamente voláteis e os contratos em LN se aproximando de níveis recorde. O principal apoio continua sendo a redução dos níveis de oferta de robusta, especialmente após a divulgação de dados ressaltando a queda das exportações no Vietnã, o maior produtor de robusta.
O volume de grãos vietnamita deve permanecer limitado, pelo menos até o final do ano, o que, por sua vez, pode continuar dando suporte aos preços.
Os preços do arábica também testaram as máximas anteriores, devido ao aumento da procura em meio à escassez de robusta e aos receios quanto à safra 24/25 do Brasil. Parte do mercado já acredita que a produção tanto de arábica quanto de robusta pode ser menor do que o inicialmente esperado. Ainda assim, os números das exportações brasileiras continuam acima dos níveis médios históricos. Com a colheita no país se aproximando do fim e os preços mais altos, é possível que veremos fortes embarques nos próximos meses.