Colheita de soja e milho do RS avança pouco e há "perdas elevadas" por chuvas, diz Emater

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Por Ana Mano e Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – A colheita de soja e milho progrediu de forma lenta no Rio Grande do Sul na última semana devido às enchentes que atingiram o Estado, resultando também em perdas produtivas “elevadas”, de acordo com a Emater, o órgão de assistência técnica do Estado.

A Emater indicou que os produtores gaúchos colheram 78% dos campos de soja, o que representa um avanço de apenas dois pontos em relação à última quinta-feira. Pela média histórica, o Estado deveria ter colhido 89% das áreas nesta época.

O diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera, havia afirmado mais cedo à Reuters que a área colhida no Estado até esta quinta-feira havia sido de 78%, “no máximo”, devido às dificuldades impostas pelas chuvas, que provocaram mortes, alagaram cidades e a zona rural, além de destruir a infraestrutura logística do Estado.

“Os produtores conseguiram colher algumas áreas na fronteira oeste,” disse Baldissera mais cedo, referindo-se à soja.

A Emater não trouxe um indicativo de perdas, já que as águas ainda cobrem muitas áreas e novas chuvas estão previstas para os próximos dias. Nesta quinta-feira, a consultoria privada AgResource estimou redução de 1,3 milhão de toneladas na safra gaúcha da oleaginosa.

As maiores áreas ainda por colher, no entanto, estão exatamente onde ocorreram as piores inundações, disse o diretor técnico da Emater.

Na região de Santa Maria e no sul do Rio Grande do Sul, os produtores foram obrigados a atrasar o plantio da soja em uma ou duas semanas devido ao excesso de chuvas na época da semeadura, segundo o diretor.

Baldissera disse que ali se concentra a maior parte da soja ainda nos campos.

Segundo o relatório da Emater, as perdas de produção “serão elevadas, podendo atingir até 100% das áreas remanescentes”.

Em relatório, o órgão afirmou ainda que “algumas infraestruturas de armazenagem de grãos também foram danificadas, o que pode afetar a produção colhida anteriormente”.

“A qualidade dos grãos retirados de lavouras maduras, que estavam sob chuva durante vários dias, está inapropriada, e muitas não serão colhidas pela inviabilidade econômica”, afirmou em relatório.

“O aspecto visual das lavouras destinadas à colheita não está adequado, pois o estágio ideal para a realização da colheita foi ultrapassado consideravelmente. A opção por colher nessas condições, mesmo diante de uma umidade elevada, acarreta descontos significativos, reduzindo a rentabilidade e não sendo suficiente para cobrir os custos de produção.”

Na região administrativa de Bagé, extremo ao sul do Estado, resta colher a maior extensão de lavouras do Estado. São cerca de 500 mil hectares maduros e 90 mil hectares em estágio

final do enchimento de grãos, relatou a Emater.

“Os produtores têm realizado o monitoramento constante das lavouras maduras, tentando priorizar as mais suscetíveis, pois observa-se variação da intensidade de perdas entre as cultivares, relacionada à abertura das vagens por excesso de umidade.”

A Emater também relatou problemas para o escoamento da produção.

“Na região da Campanha, a colheita foi retomada em áreas de melhor drenagem. Algumas estradas vicinais, importantes para o transporte dos grãos, foram severamente danificadas pelo tráfego de caminhões carregados, formando grandes atoleiros com dezenas de veículos”, informou, observando que a impossibilidade de escoamento da safra, associada à alta umidade, acelera o processo de fermentação dos grãos ainda durante o transporte.

MILHO

Os gaúchos avançaram pouco também com a colheita de milho, que atingiu 86% da área, um avanço de três pontos percentuais em relação à semana anterior.

Segundo dados da Emater, os produtores gaúchos plantaram milho em cerca de 812 mil hectares e soja em quase 6,7 milhões de hectares.

Neste momento, a Emater tenta quantificar as potenciais perdas nas lavouras resultantes das fortes inundações, bem como a extensão dos danos causados ​​aos silos de alimentos localizados em regiões mais baixas, disse Baldissera.

É possível que armazéns de soja e arroz tenham sido atingidos, disse ele, acrescentando que apenas nas próximas semanas será possível aferir melhor as perdas nas lavouras e os danos às estruturas de armazenamento.

No milho, “as elevadas precipitações em curtos períodos não apenas inviabilizaram a colheita, como também decorreram em perdas significativas para a cultura”, afirmou o relatório da Emater.

“As regiões administrativas da Emater/RS-Ascar de Lajeado e Caxias do Sul apresentaram prejuízos expressivos, que chegaram a 100%, em algumas lavouras.”

Segundo a Emater, a alta umidade, associada às temperaturas elevadas, proporcionou condições favoráveis para a germinação de grãos na espiga.

Uma das poucas exceções é a região de Pelotas, onde as áreas de milho estariam com bom desenvolvimento, apesar de dias seguidos com tempo chuvoso.

(Por Ana Mano e Roberto Samora)

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