Plantio de milho mais rápido da história no centro-sul é bom sinal, diz AgRural

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Por Roberto Samora

RIO DE JANEIRO (Reuters) – O plantio do milho “safrinha” do centro-sul do Brasil na temporada 2023/24 está no ritmo mais rápido da história na principal região produtora do país, o que é uma boa notícia para as perspectivas de produção, que chegaram preocupar mais anteriormente, avaliou nesta segunda-feira AgRural.

A “safrinha”, como é conhecida a segunda safra do cereal, a mais volumosa do país, já havia sido plantada em 27% da área estimada para o centro-sul até a quinta-feira da semana passada, um salto na comparação com os 11% da semana anterior e também em relação aos 11% vistos um ano atrás, segundo dados da consultoria.

A antecipação da “safrinha”, semeada após a colheita da soja, é importante porque conforme o inverno vai entrando as chuvas diminuem no Centro-Oeste. Portanto, quanto mais cedo a implantação da lavoura, menor a chance de os cultivos sofrerem com a falta de umidade na principal região produtora do país, lembrou o analista da AgRural Adriano Gomes.

“Quanto antes, melhor”, disse ele.

Para o Sul do Brasil, um ciclo antecipado reduz as chances de as plantações serem atingidas por geadas à frente.

Para boa parte da segunda safra do centro-sul, o ideal é que o plantio seja realizado até o fim de fevereiro, mas algumas regiões ainda conseguem semear até 10-15 de março, acrescentou.

Com base nos dados mais recentes, a AgRural está revisando os números de área plantada para seus clientes esta semana, os quais podem ser divulgados na próxima.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) atualiza seus números sobre safra na próxima quinta-feira.

Até o momento, a Conab trabalha com uma redução de 4,5% na área da segunda safra brasileira, para 16,4 milhões de hectares, com preços mais baixos sendo citados como fator de desestímulo –a segunda safra de milho costuma responder por cerca de 75% da colheita total do cereal.

O analista da AgRural disse que as perspectivas da safra têm variado ao sabor dos preços e das preocupações climáticas.

Ele lembrou que, em novembro e dezembro, o atraso no plantio da soja, principalmente o de Mato Grosso, trouxe preocupações sobre a janela do milho.

“Porém, o clima quente e seco que fez a safra da soja quebrar também adiantou o ciclo dela e isso liberou espaço para o plantio do milho sem atraso”, ressaltou.

Gomes também mencionou o vai e vem dos preços.

“Vimos os preços do milho subirem na virada do ano. Com preços melhores, parte dos produtores resolveu plantar mais área do que haviam planejado inicialmente”, disse o especialista, lembrando que agora as cotações estão recuando “com a expectativa de boa janela para o cereal e produtor não reduzindo toda a área que o mercado esperava”.

No início de janeiro, a Mosaic, líder de vendas de fertilizantes no Brasil, projetou à Reuters crescimento na demanda por adubos no país com um otimismo sobre o plantio da segunda safra de milho após um retorno das chuvas para as regiões ao norte do país.

ALERTA PARA SOJA

A colheita de soja da safra 2023/24 do Brasil alcançou 16% da área estimada até última quinta-feira, contra 11% uma semana antes e 9% no mesmo período do ano passado, disse nesta segunda-feira a AgRural.

Segundo a consultoria, o índice segue puxado por Mato Grosso e Paraná, e é o segundo maior já registrado nesta época do ano, ficando atrás somente dos 19% da safra 2018/19.

“A combinação de tempo quente e pouca chuva em áreas mais tardias, especialmente na região Sul do país, acendeu o alerta para os produtores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e parte do Paraná e de Mato Grosso do Sul. Essas condições, se persistirem ao longo de fevereiro, poderão resultar em perdas de produtividade”, afirmou a AgRural em relatório.

Uma boa safra no Rio Grande do Sul é importante para compensar parte das perdas verificadas pela seca o calor em Estados como o Mato Grosso.

Já a primeira safra de milho, ou de verão, estava 17% colhida no centro-sul até a semana passada, segundo a AgRural, ante 12% na semana precedente e 10% no mesmo período do ano passado.

(Por Roberto Samora, com reportagem adicional de Letícia Fucuchima)

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