A sexta-feira (01) chega ao final com os preços futuros do milho contabilizando movimentações no campo positivo da Bolsa Brasileira (B3). As principais cotações flutuaram na faixa entre R$ 56,44 e R$ 61,00, mas ainda acumulando perdas semanais.
O vencimento março/24 foi cotado à R$ 61,00 com valorização de 1,33%, o maio/24 valeu R$ 56,44 com alta de 0,25%, o julho/24 foi negociado por R$ 57,05 com elevação de 0,35% e o setembro/24 teve valor de R$ 59,47 com ganho de 0,30%.
Já no acumulado semanal, os contratos do cereal brasileiro registraram desvalorizações de 1,61% para o março/24, de 7,76% par ao maio/24, de 6,38% para o julho/24 e de 3,61% par ao setembro/24, com relação ao fechamento da última sexta-feira (23).
No mercado físico brasileiro, o preço da saca de milho se movimentou pouco neste último dia da semana. O levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas identificou desvalorização somente em Maracaju/MS e valorizações apenas nas praças de Sorriso/MT e Campo Grande/MS.
Confira como ficaram todas as cotações nesta sexta-feira
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Roberto Carlos Rafael da Germinar Corretora, analisou que havia grandes expectativas de redução de área plantada com milho nesta segunda safra, problemas climáticos e menos produção, mas o que está se apresentando na prática é diferente.
“O primeiro ponto é que os estoques de passagem de milho foram ainda maiores do que o que estava sendo dito, ainda tem muita coisa da safrinha de 2023 para ser vendido nos armazéns. Além disso, a safrinha 2024 está indo bem até o momento e antecipada, com colheita que já deve estar boa em junho. Se falou muito em diminuição de plantio, mas o produtor está seguindo com a semeadura”, aponta Rafael.
Na visão do analista, ainda há mais espaço para quedas dos preços do milho no Brasil, especialmente no mercado físico, enquanto a B3 já não há muito espaço para novas quedas.
“Janeiro houve uma melhora nos preços e esperávamos um segundo semestre positivo de preços, mas a média de preços de 2024 pode acabar sendo pior do que a média de 2023, no retrato que temos de momento”, diz.
Com esse cenário de mais milho do que esperado sendo carregado de 2023 para 2024, aliado à uma produção potencialmente maior do que a projetada na segunda safra de 2024, o caminho para o Brasil seria aumentar as exportações para enxugar todo esse excedente, porém o quadro para o mercado internacional também não é positivo.
“O produtor não está fechando vendas de exportação para a safrinha e hoje a competitividade do milho brasileiro está péssima em relação à Estados Unidos, Argentina e Ucrânia. O produtor ainda desconfia que do preço e acha que vai subir, mas vai ser preciso chegar no preço que o porto precisa pagar”, relata o analista.
Segundo Rafael, a única esperança de reversão neste cenário de pressão nos preços é um fato climático importante. “O clima para abril já preocupa, mas não dá para trabalhar esperando catástrofes. É preciso acompanhar também o clima e o desenvolvimento da nova safra dos Estados Unidos”.
Mercado Externo
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os preços internacionais do milho futuro finalizaram o pregão desta sexta-feira com movimentações negativas
O vencimento março/24 foi cotado à US$ 4,12 com baixa de 3,50 pontos, o maio/24 valeu US$ 4,24 com perda de 4,75 pontos, o julho/24 foi negociado por US$ 4,36 com desvalorização de 5,00 pontos e o setembro/24 teve valor de US$ 4,45 com queda de 5,00 pontos.
Esses índices representaram recuos, com relação ao fechamento da última quinta-feira (29), de 0,72% para o março/24, de 1,17% para o maio/24, de 1,13% par ao julho/24 e de 1,11% para o setembro/24.
No acumulado semanal, os contratos do cereal norte-americano registraram valorizações de 3,26% para o março/24, de 2,66% para o maio/24, de 2,35% para o julho/24 e de 2,30% para o setembro/24, em relação ao fechamento da última sexta-feira (23).
Para Roberto Carlos Rafael, a tendência de preços pressionados também deve seguir presente na Bolsa de Chicago, com atenção voltada ao clima e ao plantio da safra de milho 2024/25 nos Estados Unidos.
“O USDA mostrou menos plantio de milho e mais de soja neste ciclo, mas com o plantio começando não sei se há tempo hábil para o produtor mudar suas atividades. Gestão e custo de produção vão ser fundamental para o produtor norte-americano e para o brasileiro, vai ser preciso tentar reduzir os custos ao máximo nas próximas safras”.