Nas duas primeiras reportagens da série especial do Notícias Agrícolas você já acompanhou quais são as perspectivas de oferta de milho no Brasil em 2024 e qual é a projeção de demanda para o ano, seja no setor de proteínas animais, no de etanol de milho ou nas exportações.
Mas diante deste cenário de menos produção de milho e mais demanda do que o registrado na temporada passada, a pergunta que fica é: como os preços do milho vão se comportar ao longo do ano?
“Deve ser um ano mais favorável em termos de preços. Temos uma preocupação com a oferta local e caso a gente apresente alguma condição desfavorável que impacte nessa oferta os preços podem ter espaço para atingirem patamares mais robustos”, afirma João Pedro Lopes, Analista de Inteligência de Mercado na StoneX.
O Analista da Céleres Consultoria, Enílson Nogueira também acredita em preços melhores para o milho. “Temos uma visão de neutra à autista para os preços aqui no Brasil. Temos uma safra que, pode ser menor do que isso, mas de cara já é 10 ou 12 milhões de toneladas menor e um lado de demanda forte. Tudo leva a crer que no final de 2024 a gente possa ter estoques de passagem baixos de milho no Brasil e esse cenário sustenta uma visão otimista e até de descolamento dos preços internos dos internacionais”.
Até o momento essas altas ainda não chegaram aos preços internos do cereal, uma vez que passamos um momento de “barrigada no milho”, como classifica o Analista de Mercado da Royal Rural, Ronaldo Fernandes.
“O milho vem caindo bastante, vem numa sequência de quedas e deve continuar assim, pelo menos, até início de fevereiro. A gente acredita em reversão do milho de fevereiro e março em diante, a gente acredita que o milho vai fazer reversão dessas quedas para altas com o mercado comprador voltando para o mercado com apetite forte. Não tem comprador que esteja segurado até a safrinha, eles precisam vir recompor esse volume de produto físico”, diz Fernandes.
Na visão de Vlamir Brandalizze, Analista de Mercado da Brandalizze Consulting, os preços do milho em 2024 devem ficar em patamares até 20% superiores aos que o produtor encontrou ao longo de 2023.
“Nós não vamos voltar naqueles patamares que o produtor já pegou de R$ 100,00, está muito distante da realidade atual, mas o mercado tende a ser melhor do que foi no ano passado. A safra se encaminha para ser, pelo menos, 10 milhões de toneladas menor e vamos ter uma força de demanda tripla com o setor de etanol crescendo muito no Brasil, o setor de ração crescendo muito e o mercado internacional vai querer o milho brasileiro pela dificuldade de puxar o milho americano. Então o segundo semestre tende a recuperar para o produtor”, aponta Brandalizze.
Roberto Carlos Rafael, da Germinar Corretora, também destaca os preços melhores em 2024 do que em 2023, mas ressalta a importância de olhar também para os preços internacionais, já que as cotações em Chicago podem influenciar nas paridades de exportação no Brasil.
“Os preços podem ser um pouco melhores e não chegarem naqueles que tivemos em 2023, em um cenário de superoferta. Vamos ter uma safra menor, os estoques de passagem também temos muita variação de projeções. Vai depender muito de como tiver em Chicago para afetar a paridade de exportação e das condições da safrinha”, avalia Rafael.
Esse papel do cenário internacional na definição dos preços no Brasil também foi destacado pelo Consultor de Grãos e Projetos na Agrifatto, Stefan Podsclan, que inclusive alertou para uma tendência baixista nos preços vindos de fora do país. “Temos que fazer uma equação olhando o cenário internacional e o cenário doméstico. Sabemos que o que manda nos preços é o cenário doméstico, então o que vai definir os preços é a definição da oferta no Brasil. Porém, temos que pôr na conta que os Estados Unidos colheram uma grande safra, a Argentina tem uma potencial safra em recuperação, então a conjuntura internacional é baixista para os preços”.
Ao longo desta semana, você conferiu uma série de reportagens especiais do Notícias Agrícolas acompanhando as perspectivas para a segunda safra de milho 2024 sob os aspectos da oferta, demanda e preços. Aproveite para rever as matérias anteriores e acompanhar a série completa.