Confirmando as previsões anteriores, em algumas regiões do Brasil a safra de café foi antecipada e os terreiros já estão cheios em importantes áreas de produção, com o país tendo uma média de 30% de área colhida até esta terça-feira (25). As condições do tempo, apesar de positivas para a qualidade, também trazem o indicativo de que a safra será mais rápida, desfavorecendo a produção de cereja descascado em algumas áreas.
Esse é o cenário atual da Alta Mogiana, área de atuação da Cocapec, que antecipou a colheita em pelo menos 20 dias, já tem 30% de área colhida. De acordo com Saulo Faleiros, vice-presidente executivo da Cocapec, com as temperaturas acima da média, o café quase não tem ficado no terreiro e a safra tende a ser mais curta.
“O clima está mais quente e seco, as altas temperaturas aceleram o processo de secar, diminuindo a possibilidade de fazer o cereja descascado”, afirma. É importante ressaltar que com o clima dos últimos anos, a Alta Mogiana teve alteração no ciclo de bienalidade e a safra desse ano deve ser menor do que a de 2023. Apesar de ainda não falar em números, Saulo afirma que já se espera uma quebra na safra deste ano, mais uma vez ocasionadas pelas condições climáticas.
No sul de Minas Gerais, na área de atuação da Cooxupé, a safra também está chegando em etapa imporante, com 30% de área colhida, de acordo com Carlos Augusto Rodrigues de Melo – presidente da Cooxupé em entrevista ao Notícias Agrícolas.
A cooperativa espera receber 7% a mais de café no ciclo atual, sendo pouco mais de cinco milhões de sacas de cooperados. “É importante dizer que nesse início de safra, as peneiras estão miúdas e o fator que ocasionou essa redução de tamanho de grão, é o clima mais uma vez”, afirma. As altas temperaturas impactaram diretamente na primeira florada da safra em curso.
A safra também já começou no Cerrado Mineiro e apesar de não ser uma condição que atinge todos os produtores, alguns também relatam que anteciparam os trabalhos no campo. De acordo com Simão Pedro de Lima, diretor presidente executivo da Expocacer, a região tinha entre 15% e 18% de área colhida até esta terça-feira (25).
“A área colhida ainda não foi toda beneficiada, então não dá para fechar ainda uma média por hectare, até porque os talhões são diferentes, o ideal é que se tenha a média por hectare depois da colheita toda feita. O que se pode dizer hoje é de um rendimento um pouco menor, uma safra com peneira 17/18 em percentual menor que a média das safras do Cerrado”, afirma.
Simão destaca ainda que os produtores também estão relatando que a densidade do grão está abaixo do esperado, o que significa que o rendimento da safra também poderá ficar abaixo do projetado anteriormente.
A cooperativa tem a expectativa de receber aproximadamente 1 milhão e 300 mil sacas na safra 24, o que representaria redução de 20%. “Isso sem levar em consideração essas informações de rendimento menor agora na colheita”, explica.
Já na área de conilon, que tradicionalmente começa os trabalhos mais cedo, o cenário é semelhante. Segundo Luiz Carlos Bastianello – presidenter da Cooabriel, o Espírito Santo está no “pico da safra”, com aproximadamente de área colhida.
“Estamos tendo uma qualidade inferior em relação a safra 23, tanto em peneira quanto em pureza de café porque os grãos se formaram de uma forma desuniforme, isso dificulta um pouco o beneficiamento para o produtor”, afirma.