As previsões indicando temperaturas bastante elevadas e tempo seco nos próximos 10 a 15 dias na Argentina vem ganhando bastante espaço no noticiário nesta semana, já que a nova safra de grãos do país está em pleno desenvolvimento e em bom desenvolvimento depois de três anos de perdas severas. De acordo com os modelos apontados nesta quinta-feira (25) pelo Commodity Weather Group (CWG), cerca de um terço da área de milho e soja do país deverão passar por um período de estresse hídrico nos próximos 11 a 15 dias, em especial no sul e extremo noroeste da Argentina.
Além disso, a instituição aponta ainda que o calor intenso que se registra agora e que deve continuar na nação sulamericana poderão diminuir os níveis de umidade, o que poderia trazer – ao se confirmar – algum impacto negativo para as plantas.
Os mapas abaixo mostram as condições previstas para os próximos 1 a 5; 6 a 10 e 11 a 15 dias na América do Sul, sinalizando precipitações abaixo da média ou até mesmo a falta delas para a Argentina.
Nesta quarta-feira (24), praticamente todo o país registrou temperaturas acima da média, com algumas localidades testando mais de 40ºC, de acordo com o mapa e dados do Sistema Meteorológico Nacional (SMN). Regiões como Trelew com 42.6ºC; Cipolletti 41.5ºC e San Antonio Oeste com 41.2ºC. E a ausência de chuvas prevaleceu.
“Os players seguem aguardando dados mais concretos sobre a produção da América do Sul, com o mercado internacional incerto quanto a redução da produção brasileira e preocupado com as previsões de clima seco para a Argentina”, afirma o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa. No início desta semana, os futuros da soja em grão e derivados encontraram espaço para um fôlego das baixas, justamente, de olho nas previsões de condições mais adversas para a Argentina.
De segunda (22) a quarta-feira (24), o contrato março subiu 1,31%, saindo de US$ 12,24 para US$ 12,40, enquanto o maio subiu 0,40%, saindo de 12,41 para US$ 12,46 por bushel. Já nesta quinta, por outros fundamentos e por um movimento de realização de lucros, os preços voltaram a recuar na CBOT, chegando a perder mais de 1,5%, trazendo o março de volta aos US$ 12,20. O maio tinha US$ 12,30.
A Argentina, todavia, permanece no radar. Afinal, “indicações de clima seco prevalecem para a Argentina e no Paraguai, com exceção de
acumulados leves previstos somente para dia 2 de fevereiro no sudeste de Buenos Aires”, de acordo com o modelo GFS (americano) reportado pelo Grupo Labhoro.
O modelo europeu também indica condições semelhantes, com o tempo seco devendo prevalecer por todo o país durante os próximos sete e 10 dias.
De acordo com o informe Perspectivas Agroclimáticas da Bolsa de Buenos Aires reportado nesta semana, as altas temperaturas deverão ser sentidas, principalmente, no norte e oeste das áreas agrícolas, como mostra a imagem abaixo, trazendo a previsão para o período de 25 a 31 de janeiro.
Ainda segundo levantamento da bolsa reportado nesta quinta-feira (25), o plantio da soja na Argentina chegou a 98,4% da área estimada de 17,3 milhões de hectares, registrando um avanço na semana de 1,2 ponto percentual. E são 92% da safra em condições de cultivo de normais a excelentes. Cerca de 14% das lavouras já estão no estágio de formação de vagens.
“Após o último ajuste de área, onde se estima agora 17,3 milhões de hectares e, nno contexto atual, atualizamos nossa projeção de
produção para 52,5 milhões de toneladas. Contudo, para sustentar esta produção, serão necessárias chuvas futuras, as quais terão um papel fundamental durante as etapas críticas de definição do desempenho e, por sua vez, as mais importantes. Se essas chuvas não chegarem, o cenário pode impactar a nossa projeção atual”, informa a Bolsa de Cereais de Buenos Aires.
Ainda como explica Ginaldo Sousa, é importante, de fato, que o mercado mantenha-se em alerta sobre estas previsões na Argentina e o que se confirmará do que está sendo previsto. Mas, “por enquanto não é um problema porque as reservas hídricas são muito boas por lá. É El Niño e El Niño é chuva para eles”, diz. “Para que houvesse um impacto maior (para a safra e, consequentemente, para os preçoso clima teria que mudar de vez e isso ainda não aconteceu”.